É triste ver pessoas que fazem tudo o que se espera delas
Deu uma saudade louca da época em que a gente matava aula na faculdade para fugir de São Paulo e ir ver o mar.
Creio que era menos uma fuga das aulas do que uma busca por outra coisa que não fazia ideia do que fosse. De qualquer forma, algumas conversas com amigos nesses momentos me empurraram para mais longe do que poderiam muitos debates entre quatro paredes.
Até porque a escola não é necessariamente um local feito para se pensar livremente.
Sugestão para os meus alunos e minha alunas: quando quiserem dar o "gato" neste professor por estarem de saco cheio de tudo (e, sejamos sinceros, isso acontece), usem o tempo para fazer algo diferente da vida.
Fujam da mesmice. Que pode estar enlatada na forma de um bar na frente da faculdade, de uma tela de computador no quarto ou da reluzente TV da sala. Aventurem-se pelo desconhecido, pelo diferente, pelo outro.
É um porre ver pessoas que fazem sempre tudo o que se espera que elas façam.
Saiam da casinha. Abandonem a engrenagem. Deixem de ser mais um tijolinho no muro.
Quanto a nós professores, o lado de cá do balcão: educar por educar, sem conscientizar do papel que as pessoas podem vir a ter para a sua sociedade, é o mesmo que mostrar a uma engrenagem o seu lugar na máquina e dar aquele torque a fim de que ela comece a girar, e girar, e girar – para nunca mais parar.
Não quero que meus alunos sonhem em ser o "empregado do mês".
Produzir seres pensantes e contestadores pode colocar em risco a própria estrutura montada para que tudo funcione do jeito em que está. Pessoas assim, que – com espírito de grupo e coletivamente – discutem, debatem, discordam, mudam, em tese seriam úteis para qualquer país. Mas, na realidade, são vistas com desconfiança e chamadas de mal-educadas. Educar pode significar libertar ou enquadrar. Que tipo de educação estamos oferecendo? Que tipo de educação queremos ter?
Quem você quer ser quando crescer?
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