Dinossauro foge em Marília. Anões de jardim se suicidam na França
Fui surpreendido com a notícia de que um dinossauro de sete metros de altura foi roubado de uma rotatória na zona sul de Marília, interior do Estado de São Paulo.
Não tenho muito mais informações, mas os sequestradores teriam utilizado uma caminhonete na fuga, que acabou por colidir com outros veículos, fazendo com que o refém fosse deixado para trás – não sem ferimentos. Agora o bichão de fibra de vidro (como as vaquinhas da cowparade) deve ser restaurado e reconduzido ao seu lugar.
Provavelmente são moleques em fúria ou ladrões bem idiotas, porque dinossauros multicoloridos de fibra de vidro não causam frisson no mercado da arte.
Ou talvez mais. Uma ação como essa deve ter um sentido. Precisa de um sentido. Um porquê.
Sou fã de um grupo que tem atuado na França pela liberdade daqueles que são incapazes de lutar por seus direitos. Mas que, humilhados e maltratados, servem aos fetiches de uma sociedade onde o kitch foi reformado e hoje é hype, cool e ubber.
A Frente de Libertação dos Anões de Jardim tem resgatado estátuas que, usualmente, vêm em grupos de sete, devolvendo-as para florestas e bosques. Ou recolocando-as em escadarias de igrejas e outros lugares santos. A última estimativa é de que o grupo tenha raptado libertado mais de seis mil criaturas na França. Seis mil! Onde quer que eles estejam, já se tornaram um condado maior que o de Frodo.
Certa vez, em uma ação dramática, 11 anões de jardim foram encontrados, enforcados em uma ponte, como forma de protesto pela manutenção dessa exploração. Junto a eles, um bilhete de suicídio coletivo.
E se os sequestradores de Marília estivessem resgatando os dinos de fibra da cidade, um por um, para serem libertados em alguma área rural a fim de se alimentarem felizes e brincarem com os velociraptors?
Idiota? Não, o mundo se leva a sério demais. Sinto a falta de mais ações de intervenção urbana que exponham publicamente o quanto somos ridículos. Ou atos que despertem nossa incredulidade através do nonsense da vida real – lembrando-nos que a vida real tem menos sentido do que os sentidos que insistimos em colar nela.
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