Tenho ódio mortal da esquerda, mas não sei o porquê
E, na fila do almoço, um colega jornalista acompanhou – a uma saudável distância de segurança – uma conversa entre profissionais de comunicação. O causo foi pescado em um restaurante por quilo de um bairro nobre, mas também acontece todos os dias em qualquer lugar do país. Para facilitar a compreensão de parte dos leitores, desenhei com memes.
(Breve observação: dia desses um leitor tentou me convencer de que o partido nacional-socialista dos trabalhadores alemães, vulgo, partido nazista, era comunista. Senhor, perdoai. Eles faltaram às aulas de história.)
Atente para a última frase: "Não sei o porquê, é mais forte do que eu".
Não sei de onde veio tanta raiva contra uma pessoa, um grupo delas ou uma linha de interpretação do mundo. Até porque não conheço muito bem essa pessoa e esse grupo e nunca tive interesse em estudar essa linha de interpretação do mundo. Fui absorvendo o que dizia meu pai e minha mãe, os pais dos meus amigos, os professores na escola, meus chefes, o padre ou o pastor, os jornalistas e colunistas na televisão, no rádio, no jornal, em sites, as mensagens nas redes sociais. Os memes. E todos eles, de pouco em pouco, foram me orientando com meias justificativas: eles, maus, nós, bons.
É mais forte do que eu porque está lá dentro, cravado no osso, correndo nas veias, porque não ofereci resistência. Não sabia que era para oferecer resistência através de uma visão crítica do mundo. Para que ser crítico se aceitar passivamente e hereditariamente é tão mais fácil e a ignorância é um lugar tão quentinho?
Por isso sou contra a esquerda. Mas poderia ser contra a direita. O que, para mim, não faz diferença alguma. O que importa é repetir mantras.
Ainda bem que é assim! Deve ser realmente desesperador saber qual a origem do próprio ódio. Vai que descobrimos que não tem razão alguma… Medo.
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