Topo

Leonardo Sakamoto

Ministério do Trabalho interdita obra do monotrilho em São Paulo

Leonardo Sakamoto

16/06/2014 20h28

A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo interditou, na tarde desta segunda (16), o serviço de içamento e ajuste das vigas da obra do monotrilho (linha 17-Ouro) até que o consórcio responsável – formado pelas empresas Andrade Gutierrez, CR Almeida, Scomi Engineering e MPE Montagens e Projetos Especiais – e o Metrô assegurem que os operários não correm risco. Durante o embargo, os empregados deverão continuar recebendo seus salários normalmente.

A interdição ocorre após o desabamento de uma das vigas na segunda passada (9), que matou um operário. A obra, quando pronta, ligará o aeroporto de Congonhas ao bairro do Morumbi.

Em reunião com a presença do Ministério Público do Trabalho, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do metrô e do consórcio responsável, os auditores fiscais do trabalho apresentaram demandas para levantar a interdição. Entre elas, a revisão do projeto e dos procedimentos adotados no içamento e ajuste das vigas e pilares, a análise dos riscos desses procedimentos com a descrição das tarefas e capacitação dos envolvidos e relatórios técnicos que garantam que há segurança para os trabalhadores continuarem o serviço.

"Não podemos liberar as atividades sem saber o que realmente ocorreu e sem eles nos assegurarem que as atividades estarão completamente seguras para os trabalhadores", afirmar Silvia Helena, auditora fiscal do trabalho.

O Metrô informou, através de sua assessoria de comunicacão, que irá cobrar do consórcio responsável pela execução da obra o cumprimento dos termos estabelecidos em reunião realizada na Superintendência Regional do Trabalho. "As atividades de lançamento de vigas foram paralisadas imediatamente após o acidente, como forma de garantir agilidade e transparência no processo de apuração das causas do acidente e a segurança na continuação da obra."

O Consórcio Monotrilho Integração informou, através de nota, que já está cumprindo a determinação da Superintendência. "Cabe ressaltar que as atividades de lançamento e ajustes de vigas foram paralisadas imediatamente após o acidente, com o objetivo de garantir transparência e agilidade na apuração das causas do acidente." De acordo com ele, está sendo dado apoio à apuração dos fatos para que sejam identificadas as razões do acidente. O consórcio afirma que "segue todas as normas de segurança vigentes e que se preocupa permanentemente com o aprimoramento de boas práticas que corroborem com o princípio de segurança dos seus colaboradores".​ 

A viga e outros elementos da construção envolvidos no acidente ficarão à disposição da perícia, mas a via pública, que estava interditada, está sendo liberada. Até o dia 25 de junho, o metrô e o consórcio devem se pronunciar a respeito da assinatura de um termo de compromisso contendo essas demandas.

Atualizado no dia 17/06/2014, às 10h20, para inclusão do posicionamento do consórcio responsável.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.