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Leonardo Sakamoto

Veja objetos subversivos para a Polícia do Rio. Se tiver um, livre-se dele

Leonardo Sakamoto

29/07/2014 09h48

Um dos objetivos do jornalismo é oferecer serviço público de qualidade. Pensando nisso, este blog decidiu analisar uma série de objetos que foram apreendidos pela polícia do Rio de Janeiro no cumprimento dos mandados de busca e apreensão na casa de suspeitos de violência em manifestações.

Pólvora, cepas de ebola, plutônio enriquecido? Não, os subversivos ficaram engenhosos e, portanto, a polícia evoluiu também. Não se iludam com a aparência inocente desses produtos do dia a dia. Nas mãos certas, transformam-se em armas de destruição em massa, capazes de depor governos e incitar revoluções. A lista completa pode ser encontrada em matéria da Folha de S.Paulo desta terça (29).

Se você tem algum desses elementos em casa, livre-se deles. A inteligência da Polícia do Rio de Janeiro, treinada na mesma escola de investigação das forças de ocupação norte-americanas no Iraque que procuraram armas de destruição em massa, está de olho. Piscou, perdeu.

Em tempo: eu adoraria, mas esta lista não é uma piada.

Isto não é um grampeador, já dizia o terrorista René Magritte. Nas mãos certas, isso se transforma-se em arma capaz de subjugar qualquer representante das forças de segurança cariocas. Quem nunca grampeou o próprio dedo que atire a primeira pedra.

Isto não é um grampeador, já dizia o terrorista René Magritte. Nas mãos certas, transforma-se em arma capaz de subjugar qualquer representante das forças de segurança cariocas. Quem nunca grampeou o próprio dedo que atire a primeira pedra.

Da mesma forma, este saca-rolhas pode causar lesões perfurocortantes contundentes se usado com destreza.

Da mesma forma, este saca-rolhas pode causar lesões perfurocortantes contundentes se usado com destreza. Há relatos de sommeliers que se machucaram severamente com ele.

O rolo de fita crepe é um antigo conhecido da polícia. A última vítima dele, na eleição de 2010, teve que fazer uma ressonância magnética no cérebro e quase morreu.

O rolo de fita crepe é um antigo conhecido da polícia. A última vítima dele, na eleição de 2010, teve que fazer uma ressonância magnética no cérebro e quase morreu.

Caixa de papelão. Mortal nas mão do MacGyver.

Para vocês, uma caixa de papelão. Para o MacGyver, uma bomba arrasa-quarteirão.

Lanterna. Capaz de causar um acidente se apontada diretamente para olho de um motorista que venha no sentido contrário em uma estrada escura.

Lanterna. Capaz de causar um acidente se apontada diretamente para olho de um motorista que venha no sentido contrário em uma estrada escura e chuvosa.

Camiseta do Nirvana. Há indícios que seja o símbolo de uma seita de suicidas liderados por Kurt Cobain.

Camiseta do Nirvana. Há indícios que seja o símbolo de uma seita de suicidas liderados por Kurt Cobain.

Revista História Viva. Porque conhecer o passado é coisa de subversivo.

Revista História Viva. Porque "gente de bem" não precisa conhecer o passado. Isso é coisa de subversivo.

Revista Carta Capital com reportagens sobre os BB. E olha que a matéria bate nos adeptos da prática, hein. Imagina se os tiras achassem os catecismos do Zéfiro lá de casa.

Revista Carta Capital com reportagens sobre os BB. E olha que a matéria bate nos adeptos da prática, hein? Imagina se os tiras achassem os catecismos do Zéfiro lá de casa.

Mouse. Acusado de incapacitar milhões por causar lesões por esforços repetitivos (que antes chamávamos apenas de tendinite).

Mouse. Acusado de incapacitar milhões por causar lesões por esforços repetitivos (a.k.a. tendinite).

 

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.