Topo

Leonardo Sakamoto

Polícia cai na folia e usa bombas para animar foliões em São Paulo

Leonardo Sakamoto

17/02/2015 09h33

Quem disse que a polícia não gosta de uma boa farra? A PM resolveu cair na folia, na madrugada desta terça (17), em São Paulo.

Cansados de terem que trabalhar enquanto boa parte da população está comemorando o Carnaval, a corporação colocou a Vila Madalena – tradicional reduto boêmio paulistano – para dançar.

Mostrando que quem tem bala na agulha faz direito, disparou bombas de efeito moral para animar a galera que estava na rua por volta da 1h. Imediatamente, mesmo os mais cansados passaram a correr e a gritar em um belo frenesi que lembrava os memoráveis momentos das manifestações de rua em São Paulo.

Minutos antes, alguns foliões que não sabem que agentes públicos não podem beber em serviço ofereceram cerveja, lançando violentamente suas garrafas contra policiais e garis.

Nesse momento, a polícia militar que tentava convencer os presentes a voltar para casa por conta da regra da prefeitura paulistana de que o carnaval de rua morre à 1h, desistiu. E, ao invés de optar por controlar individualmente os foliões mais exaltados, entrou de vez na festa.

Foi tanto som e tanta alegria que, ao final, alguns foliões e servidores públicos até se machucaram. Outros choraram de emoção. O que, é claro, não tira o brilho desse momento de confraternização.

Isso é uma prova de que Vinícius de Moraes estava errado, quando cravou São Paulo como "túmulo do samba" por conta de sua noite acanhada.

Pelo contrário, o samba em Sampa é de matar.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.