Topo

Leonardo Sakamoto

Na Bahia, o "Nego Fugido" lembra que a liberdade ainda não chegou

Leonardo Sakamoto

30/07/2016 11h21

Acupe, Bahia – Nos meses de julho, sempre aos domingos, acontecem as "aparições" do Nego Fugido, pela ruas de Acupe, distrito de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. Essa manifestação popular, uma encenação da luta pela libertação dos escravos, tem origens no século 19 e faz uma releitura da abolição. Caçados por capitães do mato e soldados, os escravos conseguem se rebelar e capturam o rei para exigir sua alforria.

IMG_0928

"O Nego Fugido é o passado, o presente e o futuro", afirma Monílson dos Santos, mestre em Artes pela Unesp e um dos articuladores do Nego Fugido. "Essa comunidade vive toda a miséria e violência que você pode imaginar. Esse grito é um ecoar de um grito por uma liberdade que ainda não aconteceu. Que ainda está ecoando, desde o passado, há mais de 100 anos: queremos a carta de alforria".

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.