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Leonardo Sakamoto

Brasil registrará pico no número de infartos do miocárdio às 20h de domingo

Leonardo Sakamoto

23/10/2014 11h49

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) irá liberar o resultado da apuração dos votos apenas às 20h de domingo (26), quando as urnas estiverem fechadas no Acre e em parte do Amazonas (maldito horário de verão).

A menos que, por esses milagres da política, o resultado esteja rigorosamente alinhado cabeça a cabeça, dependendo dos votos da parte mais ocidental do país (imagina Xapuri, terra de Chico Mendes, definindo a eleição…), o nome do eleito ou da eleita será conhecido nesse momento.

Como disse um glorioso amigo, vai ser como abrir o envelope e avisar "and the Brazilian Presidency goes to…"

Podia ser o Silvio Santos anunciando. Quem não tem Oscar, vai de Troféu Imprensa.

Pensando bem, melhor não. Ideia idiota.

O fato é que não haverá tempo para preparar o coração.

Ou ir se decepcionando aos poucos à medida em que a totalização dos votos avança.

Ficar possesso com aquele comentarista da TV que só fala groselha e não acerta nada do que prevê.

Convencer a si mesmo e aos amigos que não deu, mas valeu a tentativa e exaltar o lado bom das coisas.

Prometer a São Judas Tadeu, Santa Rita de Cássia ou Santo Expedito que, se seu voto ganhar, você para de beber, de fumar e de comer torresmo.

Roer as unhas. Comer três pacotes de ovinhos de amendoim. Estourar plástico bolha.

Pensar em organizar um exército paramilitar de direita ou uma guerrilha de esquerda a partir de janeiro de 2015.

Sabe aquele momento de entrar no computador e procurar com calma um imóvel para alugar em Havana ou Miami? Pode esquecer.

Vai ser tapa na cara. Haja Coração!

Por isso, mais do que mesários, os profissionais realmente exigidos neste segundo turno serão os socorristas do Samu. Desconfio que o número de infartos agudos do miocárdio vai bater os de uma final de Copa do Mundo.

A de 1994, claro.

 

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.