Obama, as células-tronco embrionárias e a religião
O presidente dos Estados Unidos Barack Obama suspendeu hoje as restrições ao financiamento público de pesquisas com células-tronco embrionárias impostas pela administração Bush. "Vamos trazer as mudanças pelas quais cientistas, pesquisadores, médicos, doentes e seus familiares esperaram nos últimos oito anos", disse, cumprindo uma promessa de campanha. Células-tronco possuem a capacidade de se converterem em quase todos os tipos de células humanas.
Já abordei este tema neste blog várias vezes, mas aproveito a decisão do presidente norte-americano para reafirmar a importância dessas pesquisas. É claro que não sou inocente de achar que a indústria da saúde nos Estados Unidos (talvez a mais selvagem das selvagens indústrias do capitalismo, que ganha bilhões explorando o sofrimento) não lucrará muito com o know-how que será acumulado a partir dessa porta que se abre. O próprio Obama reclamou que os EUA estão ficando para trás do ponto de vista técnico-comercial. Mas o uso desse tipo de terapia deve ajudar a reduzir o sofrimento de milhões de pessoas no futuro, ricas e pobres, e portanto, deve ser incentivado.
No Brasil, após um longo debate, o Supremo Tribunal Federal aprovou em maio do ano passado as pesquisas com células-tronco embrionárias, rejeitando uma ação direta de inconstitucionalidade que tentava barrá-las. A votação foi apertada, seis a cinco, com os ministros Carlos Ayres Britto, Ellen Gracie, Carmen Lúcia Antunes Rocha, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello votando a favor.
Há aqueles que defendem apenas as pesquisas com células-tronco adultas, para evitar o descarte de embriões. Essa linha também é promissora, mas não pode ser a única adotada frente aos excelentes resultados alcançados pelas células-tronco embrionárias até aqui.
Um grupo de algumas células embrionárias congeladas após terem sido preteridas em um tratamento de fertilização in vitro e que seriam descartadas em um incinerador mais cedo ou mais tarde não podem ter o mesmo valor de um ser humano nascido. Se for necessário utilizar essas células para que alguém volte a andar, ouvir e enxergar ou seja curado de uma doença degenerativa fatal, que se faça. Já disse aqui uma vez e direi novamente: caso determinada religião seja contra, sem problema.
Oriente seus fiéis a viver (ou morrer) sem utilizar o tratamento.
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