Bolsonaro apanha em debate na Globo e é poupado em entrevista na Record
Apesar de não ter comparecido ao debate entre os candidatos à Presidência da República, na TV Globo, na noite desta quinta (5), o primeiro colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro, esteve presente nas duras críticas feitas pelos demais presidenciáveis. Primeiro por sua ausência – ele alegou recomendações médicas para não ir, pois ainda se recupera do atentado que sofreu no dia 6 de setembro. E, no mesmo horário do debate, a TV Record (cujo dono, o bispo Edir Macedo, declarou apoio a Bolsonaro recentemente) veiculou uma entrevista gravada em sua residência com perguntas simpáticas ao candidato e sem pressão alguma – uma peça de propaganda.
Mas também voltou ao palco do estúdio no Rio toda vez que um candidato relembrava as polêmicas criadas por ele, por seu candidato a vice em sua chapa, o general da reserva Hamilton Mourão, e por seu assessor econômico, Paulo Guedes nas últimas semanas, como as críticas ao 13o salário e a propostas de recriação de uma CPMF. Bolsonaro acabou sendo ainda mais criticado que Fernando Haddad, o segundo colocado nas pesquisas, e seu partido, o PT – que haviam sido os alvos principais no último debate.
Isso vai ajudar a mudar a curva ascendente de intenção de votos do ex-capitão? Ainda é cedo para saber. O debate pode colaborar com isso se indecisos que assistiram optem por algum dos presentes e não por Bolsonaro. Ou se os votos com os quais qualquer um daqueles presidenciáveis já contavam se mantenham eles. Ou entre eles.
Pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta, aponta que o ex-capitão atingiu 35% dos votos totais (39% dos válidos), enquanto Haddad apontou 22% (25%). O debate marcou entre 21 e 30 pontos no Ibope, dependendo de cada cidade, entre às 22h05 e 22h32 – mesmo horário de exibição da entrevista de Bolsonaro, que marcou entre 12 e 17 pontos, de acordo com registro de Maurício Stycer, do UOL.
Parecia haver um desejo sincero dos candidatos do campo democrático em garantir a existência de um segundo turno – ou de evitar dano maior à democracia. Henrique Meirelles disse que se alguém se "esconde" não tem condições de administrar o país. Ciro Gomes afirmou que Bolsonaro "fugiu" e declarou que o PT perdeu a condição política de reunir a população brasileira a fim de "enfrentar o fascismo e a radicalização estúpida que Bolsonaro representa". Já Marina Silva afirmou que ele "amarelou" logo antes de cobrar de Haddad uma autocrítica do PT – que não veio. Geraldo Alckmin culpou o PT pela existência do problema Bolsonaro.
Porém, a crítica mais dura e que arrancou aplausos de boa parte da plateia foi feita pelo candidato Guilherme Boulos, ao alertar os riscos que a democracia corre no Brasil, numa clara alusão a Jair Bolsonaro. Ele afirmou que não é possível fingir que tudo está bem em meio a uma campanha de ódio. Lembrou dos mortos, torturados e desaparecidos e das famílias que, até hoje, procuram os corpos para poder enterrá-los. E alertou para a possibilidade de uma nova ditadura: "Acho que a gente nunca teve tão perto disso que aconteceu naquele momento".
"Se você vai poder votar no domingo é porque teve gente que deu a vida por isso", lembrou Boulos.
Ironicamente ou não, a Constituição Federal que marcou a transição das instituições da ditadura à democracia completa, nesta sexta (5), 30 anos. Teoricamente, ela é muito jovem para morrer. Teoricamente.
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