Desemprego em 12,6 mi e Guedes acha tempo para achincalhar esposa de Macron
"O Macron falou que estão colocando fogo na Amazônia. O presidente devolveu, falou que a mulher do Macron é feia. O presidente falou a verdade, ela é feia mesmo. Mas não existe mulher feia, existe mulher observada do ângulo errado. E fica essa xingação", disse o ministro Paulo Guedes, no evento "A Nova Economia do Brasil", nesta quinta (5), em Fortaleza.
Diante da esperada repercussão negativa, o czar da Economia pediu desculpas, dizendo que estava ilustrando um argumento e o objetivo não era fazer ofensas pessoais. O que não importa, pois efetivamente as fez.
Temos um presidente da República que, devido à falta de familiaridade com o debate público respeitoso ou de capacidade de apresentar argumentos para contrapor outros argumentos, apela recorrentemente para o ad hominem – a falácia de negar uma ideia criticando seu autor e não o seu conteúdo.
Por exemplo, o governo brasileiro é acusado pelo presidente francês de ser responsável pelo desmatamento e pelas queimadas? Chama-se a mulher do presidente francês de feia. O governo brasileiro é acusado pela alta comissária para os Direitos Humanos da ONU de redução do espaço democrático? Ataca-se o pai de Michele Bachelet que foi executado pela ditadura chilena.
Agora, o ministro da Economia endossa as palavras do chefe. Poderia estar apresentando sua proposta de política nacional para fomentar a geração de empregos com carteira assinada – afinal, faz mais de oito meses que assumiu o posto. De preferência, um projeto consistente, que inclua estímulos para o consumo e investimentos públicos. Mas preferiu estampar as manchetes por um comentário bizarro.
Guedes herdou uma crise econômica, então não é o responsável por ela. Mas à medida que o tempo passa, o governo vai se tornando sócio dela. Bolsonaro tem no combate ao desemprego a sua pior avaliação entre 18 áreas, de acordo com pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda (2). Após oito meses, 65% da população considera a atuação de seu governo como ruim ou péssima nesse quesito.
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua, divulgada pelo IBGE, na última sexta (30), a taxa de desocupação caiu de 12,5% (no trimestre encerrado em abril) para 11,8% (no encerrado em julho). São 12,6 milhões de brasileiros procurando trabalho sem encontrar. A informalidade bateu recorde na série histórica. A taxa de desocupação vem caindo através do aumento de postos sem carteira assinada (mais 441 mil frente ao trimestre anterior) e dos trabalhadores por conta própria (mais 343 mil). Vagas sem 13o salário, férias, descanso semanal remunerado, limite de jornada. Ou seja, sem direitos.
O país necessita de mais medidas do que as Reformas da Previdência e Tributária para combater o desemprego no curto prazo. O ministro certamente sabe que copiar os rompantes desagradáveis e machistas do seu chefe não é uma delas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.