A principal e mais antiga denúncia contra Sarney
Tenho recebido valiosas contribuições de um jornalista amigo meu, o Zé. Como ele não tem paciência para ter um blog, mas conta com uma sensibilidade ímpar, posto aqui algumas de suas impressões.
Meu amigo Zé pede para que eu lembre a todos que o Maranhão tem o segundo pior IDH do Brasil.
De acordo com os dados disponíveis do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), entre 1991 a 2005, o Estado só não ficou em último lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano porque Alagoas (outra terra devastada pelo coronelismo) não deixou.
O Zé diz que sem desmerecer todas as (novas) denúncias de corrupção, nepotismo, desvio de verbas públicas, contas no exterior que recaem contra o presidente do Senado, a miséria em que se encontra boa parte do povo maranhense já era motivo suficiente para qualquer brasileiro bradar "Fora Sarney!" Isso sem contar o seu desastroso mandato de presidente nos anos 80.
Corrupção na máquina pública e exploração da pobreza estão intimamente relacionados, mas infelizmente é mais fácil cassar alguém pelo primeiro delito do que pelo segundo. O Maranhão, sob o domínio dos Sarney, não só permaneceu nas piores posições nos indicadores sociais, mas também viu suas terras serem desmatadas e poluídas, latifúndios crescerem, trabalhadores serem escravizados e assassinados, comunidades tradicionais serem ameaças e expulsas, a educação ser sucateada, os meios de comunicação serem concentrados nas mão de poucos.
Alguns vão colocar a culpa na própria população que os elege. Não é tão simples – Sarney teve que fugir e virar senador pelo Amapá para não ficar fora do jogo político em um determinado momento. O Maranhão é um Estado com importantes movimentos sociais e uma sociedade civil cada vez mais atuante – o problema é o desalento de boa parte da população, que – infelizmente – já não acredita que a política faça diferença em sua vida. Essa, talvez, seja a pior herança deixada por esse clã.
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