Precisamos queimar cuecas em praça pública
A idéia acima não foi minha, apesar de tê-la abraçado totalmente, e sim de Claudio Picazio, psicólogo, especialista em sexualidade e violência doméstica. Em uma mesa organizada pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos, a qual tive o prazer de mediar, que reuniu a professora Eleonora Menicucci (hoje ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres), o genial cartunista Laerte e ele, no final do ano passado, conversamos sobre homofobia. Pesadelo que, assim como o machismo, conta com o homem em um papel central. De agressor, claro. Mas também de vítima. Mas não a vítima do jeito que muitos machos gostariam de imaginar.
De acordo com Claudio, o homem precisa começar a entender que tem direito ao afeto, às emoções, a sentir. Passar a ser homem e não macho.
Já atravessamos uma revolução sexual. Podemos fazer sexo de forma mais livre e com menos culpa que antes. Mas expressar nossos sentimentos é algo longe de acontecer livremente. Para Claudio, chegou a hora de passarmos por uma transformação afetiva. Em outras palavras, o homem hetero precisa fazer sua revolução masculina.
O homem é programado, desde pequeno, para que seja agressivo. Raramente a ele é dado o direito que considere normal oferecer carinho e afeto para outro amigo em público. Manifestar seus sentimentos é coisa de mina. Ou, pior, é coisa de bicha. De quem está fora do seu papel. E vamos causando outros danos no caminho: há mulheres que, para serem aceitas nesse mundo de homens, buscam nos copiar no que temos de pior.
Gostaria que o Dia Internacional das Mulheres fosse um momento para que nos déssemos conta que já passou o momento de sairmos de nossa zona de conforto e começarmos a educar nossos filhos para viverem sem medo. E não para serem inimigos de quem não tem pênis.
Só isso resolve? Não mesmo, o problema é profundo. Mas já ajuda.
Afinal de contas, o feminismo pode ser, literalmente, um pé no saco para muitos, mas não mata ninguém. Já o machismo…
(Peça da campanha do governo do Equador contra o machismo)
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