O que fazer com um médico que afirma ser vítima de "trabalho escravo"?
Tratei disso no Facebook, mas como muita gente não entendeu, trago a discussão para cá.
A gente perde os cabelos, há anos, tentando fazer a bancada ruralista no Congresso Nacional entender que trabalho escravo contemporâneo NÃO é qualquer manguaba, como falta de azulejo no banheiro, mas um pacote de condições que configura uma gravíssima violação aos direitos humanos, e aparecem médicos dizendo – na maior cara-de-pau – que a proposta de estágio obrigatório para a formação de médicos é "escravidão"?
Ri-dí-cu-la a comparação. Vergonha alheia. Tosquisse. O ó.
Aliás, como diria um médico amigo meu que conhece bem a fronteira agrícola amazônica e lá trabalhou: se esse povo todo que fala essas groselhas conhecesse o que é trabalho escravo de verdade ou, pelo menos, a realidade dos trabalhadores rurais do interior do país, não teria coragem de fazer esse pararelo absurdo. E talvez tivesse coragem de ir lá para ajudar.
Defendo o santo direito de qualquer pessoa fazer sua manifestação. E não estou entrando no mérito das propostas de mudanças. Mas criar paralelos idiotas só ajuda a fortalecer o argumento de quem diz que se tudo é trabalho escravo, nada é de fato. Além disso, chamar estágio obrigatório de trabalho escravo é uma afronta a quem está nessas condições.
Como diria Nelson Rodrigues, "cresçam!"
Abaixo, uma foto que tirei, tempos atrás, de trabalho escravo de "verdade". O dedo foi perdido no serviço. A mão carcomida pelo veneno usado no pasto em equipamentos de proteção. A água que ele tinha para beber até ser libertado por uma equipe de fiscalização do governo. Aos 17 anos.
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