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Leonardo Sakamoto

Major da PM sugere "bala perdida" em quem defende "direitos dos manos"

Leonardo Sakamoto

12/01/2017 20h20

O perfil e a página de Elitusalem Gomes de Freitas, major da Polícia Militar do Rio de Janeiro, sugeriram  "50 vagabundos na vala" para cada policial morto por facções criminosas e "porrada" nas favelas controladas por elas.

Afirmando que "estamos em guerra" e que "Estado democrático de direito é o caralho", a postagem diz que "se os direitos dos manos começarem a fazer barulho, uma 'bala perdida' na cara do filho da puta que estiver gritando mais alto resolve".

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"Cento e quarenta policiais mortos em 2016! Dez policiais mortos e mais 12 feridos e mutilados em 2017, o senhor me pergunta a razão de desejarmos uma resposta à altura de tais atos terroristas?", afirmou o major Elitusalem Freitas a este blog. "Nossa tropa morre dia e noite, são pais de família, filhos, filhas, irmãos e irmãs que não vão voltar para suas casas! Guerra total aos narcoterrorisitas, é isso ou nem o senhor e sua família poderão mais sair de casa"

O major foi candidato a vereador no Rio de Janeiro pelo PSC, apoiando o candidato a prefeito Flavio Bolsonaro, no ano passado. Obteve 4.497 votos e não foi eleito.

Em março de 2015, o jornal Extra mostrou que o oficial enviou mensagens a um grupo de oito policiais militares, convocando-os para atuar na pacificação do complexo da favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele teria usado a provocação "Partiu guerra?"

A assessoria de imprensa da Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que será aberto um "procedimento apuratório" para avaliar a conduta do policial. E que essa opinião não representa os princípios doutrinários da corporação.

Post atualizado às 21h20 do dia 12/01/2017 para inclusão do posicionamento do major.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.