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Leonardo Sakamoto

Quantas pessoas são necessárias para resgatar a liberdade?

Leonardo Sakamoto

18/12/2006 14h12

Tive a honra de receber, hoje, em cerimônia na sede da Procuradoria Geral do Trabalho, em Brasília, o Prêmio Combate ao Trabalho Escravo 2006, categoria Personalidade. O prêmio é uma iniciativa da Organização Internacional do Trabalho, Associação dos Juízes Federais do Brasil, Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho e Associação Nacional dos Procuradores da República.

Também foram agraciados a Comissão Pastoral da Terra (Instituição) e Ana Aranha e Ricardo Mendonça, da Revista Época (Matéria jornalística).

Agradeço a todos que reconheceram nosso esforço. É importante saber que estamos no caminho certo na luta contra essa desgraça que é a conversão de trabalhadores em instrumentos descartáveis.

Mas é necessário que se faça justiça. Por isso recebo o prêmio não em meu nome, mas no de uma equipe dedicada e competente, que está na linha de frente do combate à escravidão contemporânea. Que não mede esforços para cruzar as terras amazônicas e o sertão nordestino, atuando tanto na comunicação e pesquisa, quanto na prevenção e repressão a esse crime.

Muitas pessoas contribuíram com a área de combate ao trabalho escravo da Repórter Brasil nos últimos anos. Espero, portanto, que a memória não me falhe agora para que possa dividir esse prêmio com todos aqueles que verdadeiramente o merecem:

Ana Paula Severiano
André Campos
Andréa Leal
Beatriz Camargo
Caio Cavechini
Carlos Juliano Barros
Carolina Cunha
Carolina Motoki
Claudia Carmello
Daniela Matielo
Evelyn Kuriki
Fabiana Vezzali
Fernanda Sucupira
Gabriela Castello
Gustavo Monteiro
Iberê Thenório
Ivan Paganotti
Joana Moncau
Márcio Kameoka
Mariana Sucupira
Mauricio Monteiro Filho
Paula Takada
Paula Gonçalves
Priscila Ramalho
Renata Summa
Susana Bragatto
Thiago Guiamarães

É duro nadar contra a corrente. Ir para a esquerda quando tudo a nossa volta caminha à direita. Vivemos um tempo em que deveríamos estar derrubando cercas mas, ao invés disso, erguemos muros.

Mas sei que, mesmo assim, cada um desse pessoal aí, da sua forma, se dedica para que a idéia de liberdade fuja dos dicionários, salte esses muros e ganhe a realidade.

A todos eles, a minha admiração e o meu muito obrigado!

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.