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Leonardo Sakamoto

Como fazer um mundo melhor em 2007?

Leonardo Sakamoto

26/12/2006 21h47

Enumerei algumas coisas que gostaria de ver realizadas nesse ano que começa. Algumas são praticamente impossíveis, tendo em vista o panorama atual e o estágio de consciência da humanidade… Mas considerem isso como um exercício para ajudar a seguir em frente, tendo um horizonte para onde olhar.

Dei o início com cinco sugestões, mas a construção disso é coletiva.

Espero que em 2007:

Os grandes projetos não serão aprovados de forma atropelada, porque o interesse das populações locais bem como os possíveis danos ao meio ambiente serão exaustivamente considerados na tomada de decisão. Que será coletiva e respaldada por todas as informações referente ao impacto. E caso os projetos mostrem-se inviáveis social ou ambientalmente, eles permanecerão no papel, pois a qualidade de vida de muitos não pode se sobrepor sobre a vida de poucos.

Os parlamentares aprovarão os projetos de lei que tratam da erradicação do trabalho escravo no Brasil, entre eles a proposta de emenda constitucional que prevê o confisco das terras em que esse tipo de crime for encontrado.

O governo federal destinará recursos suficientes para assentar 1,5 milhão de famílias de forma sustentável entre 2007 e 2010. Uma reforma agrária que não apenas dê terra, mas também garanta condições sociais e econômicas para que o trabalhador produza e comercialize sua mercadoria.

As concessões de rádio e TV, bem como a definição de políticas de comunicação, atenderão a interesses públicos e não privados. A comunicação não será provolégio de grandes corporações, mas haverá espaço para as pequenas comunidades, com respeito às realidades locais.

A Febem será desativada em São Paulo, seus prédios demolidos e o terreno salgado. A criança e o adolescente infrator não serão colocados mais em depósitos de gente e tratados como bandidos, mas será dado todo o apoio para que sejam, pela primeira vez na vida, integrados à sociedade. As mães desses rapazes e moças serão convidadas a participar do processo de construção de um novo modelo, cidadão e humano.

Grande abraço a todos e até o dia 04 de janeiro.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.