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Leonardo Sakamoto

Pelo salário dos mestres

Leonardo Sakamoto

26/03/2007 20h44

Os principais jornais divulgaram, neste final de semana, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade de São Paulo afirmando que os salários pagos aos professores do ensino público são equivalentes aos do ensino privado. Os autores dizem que isso derruba o "mito" de que as escolas particulares pagam melhor. A pesquisa vem poucos dias após o governo federal lançar seu plano nacional para a educação, afirmando que implantará um piso para a docência de R$ 800,00 em todo o país.

Contudo, olhar a pesquisa pela média das escolas não mostra toda a verdade. Há uma diversidade enorme entre as escolas particulares. Algumas poucas remuneram muito bem e seus alunos tiram boas notas no Enem e entram nas melhores universidades. Enquanto isso, centenas de outras pagam péssimos salários, jogando para baixo a média salarial, que fica ligeriamente superior a das públicas.

As boas públicas, como o Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (antiga Escola Técnica Federal de São Paulo), do qual sou ex-aluno, pagam salários melhores que os da média de São Paulo.

Não estou dizendo que a questão salarial é a única que influencia a qualidade da educação, pois não é. A formação dos professores, o nível de infra-estrutura da escola, a organização curricular, entre outros fatores, fazem a diferença. Mas um salário decente garante tranqüilidade aos docentes e significa valorização do profissional. E isso, é claro, reflete-se em sala de aula.

Como curiosidade, o link abaixo, do sindicato dos professores de São Paulo, mostra o ranking de pagamento de salários. http://www.sinprosp.org.br/arquivos/ranking/ranking_salarial_fev2007.pdf

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.