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Leonardo Sakamoto

O BNDES e a cana

Leonardo Sakamoto

27/03/2007 11h30

Números dos desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamento de projetos de cultivo de cana-de-açúcar e fabricação e refino de açúcar e álcool:

Em 2005, R$ 1,1 bilhão. No ano seguinte, R$ 2 bilhões.
Na carteira de análises para 2007, há R$ 7,2 bilhões em pedidos de financiamentos para projetos que perfazem um total de R$ 12,2 bilhões. A diferença entre os dois valores será bancada por outras fontes além do banco.

O BNDES tem um papel fundamental no desenvolvimento do país. Não apenas no financiamento da produção mas, através da imposição de condições sociais e ambientais para os empréstimos, garantir que o progresso não atropele a sociedade.

O banco já usa a "lista suja" do trabalho escravo, que relaciona empregadores que comprovadamente utilizaram esse tipo de mão-de-obra, para barrar empréstimos.

Mas seria importante implantar outros instrumentos de controle trabalhista. Se são poucas as usinas que usam escravos (três na "lista suja", sendo que uma está suspensa), muitas impõe condições degradantes de serviço, moendo o trabalhador até sobrar apenas o bagaço.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.