Traga a sua poluição para Açailândia
De São Luís (MA) – "Se tiverem que vir empresas que poluem, que poluam."
A frase acima foi dita pelo prefeito de Açailândia (MA), Ildemar Gonçalves, de acordo com entidades sociais que participaram de reunião com ele sobre a criação do Distrito Florestal de Carajás na última sexta-feira (18).
Isso me lembrou um anúncio do governo do Estado de Goiás que foi veiculado em revistas na década de 70 – quando questionar o padrão de desenvolvimento da ditadura dava caso de polícia. Em uma foto em preto e branco, duas chaminés cuspiam fumaça no céu. Embaixo, um convite: "Traga a sua poluição para Goiás".
Com o passar dos anos, a fronteira agrícola avançou para o Norte e, com ela, esse discurso de crescimento econômico a qualquer custo.
Um dos objetivos da criação de distritos florestais é racionalizar a exploração dessas áreas. O que os movimentos sociais apontam, contudo, é que o Distrito de Carajás vai intensificar o enriquecimento de alguns frente a exploração de trabalhadores e do meio ambiente.
Açailândia não é uma cidade qualquer. Com 106 mil habitantes, possui a segunda maior arrecadação de impostos do estado por sediar siderúrgicas de ferro gusa do Pólo Carajás. Ao mesmo tempo, é o município do Maranhão com maior número de residentes que foram libertados da escravidão pelo governo federal entre 2003 e 2007 – o que mostra que essa riqueza não é repassada à população.
O prefeito disse a empresários que resolveria os entraves para o Distrito de Carajás. É importante que o governo federal, responsável por essa política, fique de olho e não deixe que o rolo compressor econômico passe, novamente, por cima de quebradeiras de coco, camponeses, indígenas e trabalhadores rurais.
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