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Leonardo Sakamoto

É possível exportar mais carne sem explorar o trabalhador?

Leonardo Sakamoto

31/05/2007 12h13

O grupo JBS-Friboi comprou a Swift e tornou-se líder mundial em alimentos de origem bovina. Com isso, ele deve aumentar suas exportações, principalmente para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Sul do Pará tornou-se área livre de aftosa mediante vacinação – abrindo caminho para que a carne do estado ganhe o mundo.

A ampliação da área de pecuária no Norte e Centro-Oeste tem significado aumento no ritmo de destruição da Amazônia. Um estudo do Banco Mundial apontou que 75% da área desmatada lá é ocupada por pasto.

É importante que o crescimento do Friboi, um dos maiores compradores de gado do Brasil, venha acompanhado do respeito aos direitos dos trabalhadores e do meio ambiente. Vale ressaltar que uma pesquisa realizada em 2004 mostrou que fazendas fornecedoras do grupo haviam sido flagradas com mão-de-obra escrava pelo governo federal.

O Friboi assinou no último dia 21 o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, comprometendo-se a cortar fornecedores que usarem esse expediente. Esperemos que ele cumpra à risca o acordo. Pois será muito ruim para o líder mundial e para a economia brasileira se ele mantiver relações comerciais com fazendeiros que produzem carne através do cerceamento da liberdade e do sofrimento de trabalhadores.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.