A China diz que combaterá o trabalho escravo. Duvido
De Brasília – O governo chinês informou que começará na próxima semana uma campanha de repressão ao trabalho escravo focada principalmente na inspeção de pequenas olarias, minas de carvão e oficinas. Pequim deu liberdade para os funcionários públicos envolvidos solucionarem as situações encontradas e combaterem os comportamentos criminosos. A ação é motivada por centenas de casos de pessoas em condições de escravidão que foram encontradas nas última semanas na região central do país.
O curioso é que o governo afirmou que a campanha terá duração de cerca de dois meses. Ou seja, ela está mais para show pirotécnico do que para uma política séria de erradicação do trabalho escravo, porque é impossível acabar com esse tipo de exploração num prazo de tempo tão curto. A ação serve mais para dar uma satisfação a entidades internacionais – como a Organização Internacional do Trabalho e a Organização Mundial do Comércio – do que para aliviar o sofrimento dos trabalhadores.
Infelizmente, porque, apesar de não haver estatísticas nesse sentido, acredita-se que a China é um dos campeões mundiais de trabalho escravo. As altas taxas de crescimento do país estão assentadas em uma exploração intensa de sua mão-de-obra. Os relatos que chegam até o exterior informam que não são raros os casos de trabalhadores que não se ofereceram para um serviço, mas do qual não podem se ausentar sob a pena de maus tratos, espancamentos ou até morte.
O Brasil implantou o seu sistema de combate ao trabalho escravo em 1995. Desde então, 24,5 mil pessoas foram libertadas em operações de fiscalização, que ocorrem o ano inteiro. Mesmo assim, e com todos os programas, políticas e ações judiciais, estamos muito longe da erradicação do problema.
Nós, e a China mais ainda, temos um modelo econômico propício a gerar formas contemporâneas de escravidão, em que a expansão do capital espreme os trabalhadores até sair lucro. estamos fazendo a lição de casa. Já os chineses, com ações pirotécnicas, mostram que não estão nem perto.
(Enquanto isso, nossos economistas renomados e comentaristas conceituados sonham o dia em que o Brasil se tornará uma China. Deus que me livre e guarde.)
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