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Leonardo Sakamoto

Toninho Malvadeza - um breve epitáfio

Leonardo Sakamoto

20/07/2007 14h37

Mais um coronel que se vai sem que a sociedade brasileira tenha tido a competência de levar a julgamento seus crimes contra a humanidade. Faleceu no conforto do hospital, como senador da República e com poder político (ainda que declinante), enquanto seus opositores amargaram a escuridão das celas e do desaparecimento. Deixa fortuna e conforto para os seus, frutos da pilhagem de décadas sobre o povo da Bahia.

Que a sua biografia – se não for alterada pela condescendência para com os mortos – fique em nossa memória a fim de que não deixemos que pessoas como ele, e a ditadura que representaram, ergam-se novamente.

Talvez o mundo não esteja mais feliz com o fim de Toninho Malvadeza, como o general Golbery do Couto e Silva o apelidou, pois as sementes que ele deixou já germinaram, dando continuidade ao carlismo e a suas práticas.

Mas, certamente, a sexta-feira terminará mais leve que começou.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.