PF descobre trabalho escravo entre vendedores de rede no RJ
Conversei com um vendedor de redes em uma praia do litoral Norte de São Paulo semanas atrás. Paraibano, havia ido longe de casa para conseguir trabalho. Disse que não ganhava muito pelo serviço, mas era o jeito.
Nos últimos anos, ouvi várias histórias de vendedores de redes que eram submetidos a condições degradantes ou análogas a de escravo por contratadores de mão-de-obra nas praias de São Paulo e do Rio de Janeiro. Muitas das quais, pensei que eram lenda. É duro ter que encarar que, enquanto aproveitamos um descanso à beira-mar, pessoas trabalham apenas por teto e comida à nossa frente. Como não sabemos o que acontece ou não nos interessamos em saber, continuamos em nossa confortável ignorância. E, ainda por cima, não são raras as vezes que reclamamos daqueles que interrompem o nosso sol.
(Em São Paulo, há imigrantes latino-americanos, principalmente bolivianos, que estão em situação parecida. Mas ficam escondidos dos olhos de quem compra roupas nas ruas José Paulino e Oriente, atolados em apertadas oficinas de costura. O que os olhos não vêem…)
Mas, de vez em quando, o silêncio é quebrado. Jornais noticiaram, hoje, a prisão de três pessoas acusadas de pertencerem a uma quadrilha que exploraria trabalho escravo na Baixada Fluminense. Uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público desmantelou o grupo, acusado de manter cerca de 60 vendedores ambulantes, aliciados no interior da Paraíba com promessas de emprego, que vendiam redes, tapetes e panelas. O dinheiro ganho por eles era repassado ao patrão para pagamento de alimentação e moradia.
Escancarada a ignorância, a praia não parece mais tão "democrática" assim.
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