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Leonardo Sakamoto

Trabalho degradante interdita usina de cana no MS

Leonardo Sakamoto

14/11/2007 19h41

E depois dizem que as histórias sobre superexploração nos canaviais brasileiros são invenções dos gringos para impedir que o Brasil seja uma potência. Não precisa, o país se afunda sozinho mesmo ao negar direitos básicos à sua gente.

O grupo móvel de fiscalização interditou, ontem, a Usina Debrasa, em Brasilândia, a 400 quilômetros de Campo Grande, após encontrar cerca de 800 trabalhadores indígenas em condições degradantes.

De acordo com informações do Ministério Público do Trabalho, os alojamentos não possuíam condições de mínimas de higiene: havia lixo espalhado pelo chão, moscas e outros insetos, restos de comida e esgoto a céu aberto, além de estarem superlotados. Os banheiros também estavam em estado precário.


Já vi fotos de xilindrós melhores que esse alojamento (Foto: MPT/Divulgação)

Segundo o procurador do trabalho e vice-coordenador nacional de Combate ao Trabalho Escravo, Jonas Ratier Moreno, que integra o grupo móvel, as condições encontradas são extremamente degradantes.

Os trabalhadores eram obrigados a comprar as marmitas, garrafas de água, talheres, papel higiênico e outros produtos de higiene pessoal. O transporte dos trabalhadores eram feito sem segurança. Após a fiscalização, os auditores do Ministério do Trabalho e Emprego presentes na ação interditaram os alojamentos e as frentes de trabalho por falta de instalações sanitárias e de reposição de água potável.

Não é a primeira vez que a empresa é denunciada e autuada por irregularidades trabalhistas e atraso de salário.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.