Moradores de comunidade quilombola denunciam violência no MA
Denúncia da Associação dos Produtores Rurais Quilombolas da Comunidade Mata Virgem, no município de Codó, Maranhão:
"Na manhã do dia 18 de novembro, um grupo formado pelo deputado estadual Antonio Carlos Barcelar (PDT) e com mais quatro capangas se dirigiu até a comunidade Mata Virgem onde, sem o consentimento da mesma, iniciou uma pescaria na única fonte de água, um açude que abastece os moradores e serve para lavar roupas, tomar banho, cozinhar e até mesmo para beber. Alguns representantes da comunidade foram ao encontro deles para uma conversa, pedindo para que não arrastassem rede de pesca pelo açude, pois isso afetaria, como de fato afetou, a qualidade da água.
Barcelar, num tom agressivo e ameaçador disse: 'quem manda nisso aqui sou eu' e 'vou continuar pescando, quero ver quem manda aqui'. Em seguida um de seus jagunços, conhecido como Chico Preto, tomou a palavra e disse: 'cadê o Ariolino [José Rodrigues Magalhães, presidente da Associação] que eu quero arrancar o bigode e a barba dele com as minhas unhas'."
A área, segundo a comunidade, possui um pedido de desapropriação pelo Incra. O deputado Barcelar a teria comprado em 2005, já nessa situação. Mas aceitou que, enquanto essa pendência não fosse resolvida, nenhum dos lados (a comunidade e Barcelar) poderia fazer ações que causasse danos ao outro.
O senhor Antonio Carlos Barcelar tomou a palavra e disse: 'aqui o Incra não resolve nada. Se o Incra entra aqui quero ver quem manda, se sou eu ou é o Ariolino'."
A pescaria se encerrou nesse momento e Barcelar se retirou com seus acompanhantes, prometendo retornar com a polícia no domingo seguinte (25). A comunidade ainda teria sido ameaçada por Chico Preto. "Vocês vão me pagar."
Doi dias depois, seis policiais foram à comunidade e, sem mandado judicial, entraram em casas, agrediram moralmente e psicologicamente os moradores e abusaram de autoridade. No dia seguinte, representantes da Mata Virgem, acompanhados de outras organizações, exigiram explicações ao major Rui, responsável pelos policiais, sobre a ação.
"Ele afirmou que os homens do deputado Antonio Barcelar teriam acusado a comunidade de ameaçá-los de morte por armas de fogo. E que a função dele é garantir a ordem e a segurança."
A comunidade continua se articulando com outras entidades para buscar seus direitos e impedir que isso aconteça novamente.
Foi em Codó. Mas trocando os nomes dos personagens poderia ser em qualquer lugar do interior do Brasil onde o público e o privado se fundem. E onde o Estado e o poder econômico pescam juntos, pisando sobre os direitos da populaçãomais pobre.
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