Topo

Leonardo Sakamoto

Por que Roberto Marinho e não Vladimir Herzog?

Leonardo Sakamoto

29/04/2008 19h53

Não é de hoje, mas merece um registro. Seria difícil, doloroso, caro ou anormal chamar a recém-lançada "Ordem do Mérito das Comunicações Jornalista Roberto Marinho" de "Ordem do Mérito das Comunicações de Jornalista Vladimir Herzog"? Creio que teríamos uma bela homenagem para aquele que foi assassinado em uma cela da Gloriosa por lutar por liberdade de imprensa nos anos de chumbo, enquanto o proprietário da Globo era beneficiado por ela.

Roberto Marinho já ganhou uma avenida larga (que termina na ponte Octavio Frias de Oliveira, publisher do Grupo Folha, que faleceu recentemente), quando a prefeitura de São Paulo afundou o antigo nome Águas Espraidas. Houve protestos e como prêmio de consolação deram ao Herzog o nome de uma ruazinha mequetrefe na entrada da TV Cultura.

O governo petista quanto o tucano paparicam os empresários da mídia. Roberto Marinho conseguiu montar um império no setor de comunicação, mas sua biografia não é exemplo a ser seguido. Ao contrário de Vlado.

É triste. O Brasil continua escolhendo mal os seus heróis.

LEI Nº 11.655, DE 15 ABRIL DE 2008.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Ordem do Mérito das Comunicações, de que trata o Decreto no 87.009, de 15 de março de 1982, passa a denominar-se Ordem do Mérito das Comunicações Jornalista Roberto Marinho.

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 15 de abril de 2008; 187o da Independência e 120o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.