O robô Wall.e, a ignorância consumista e o futuro do planeta
"Wall.e" é uma animação produzida pela Disney e a Pixar que conta a história de um robozinho cuja missão é organizar o lixo em que se transformou o planeta devido ao consumismo desenfreado dos habitantes e à ganância de grandes corporações. No futuro, a Terra terá se transformado em um lixão impossível de sustentar vida e os seres humanos terão se mudado para uma nave espacial à espera de que os robôs limpem as coisas.
Não vou contar o resto para não estragar o filme que, na minha opinião, é a segunda melhor animação que vi no ano – em primeiro lugar está "Persépolis" sem sombra de dúvida.
Na cadeira do cinema, fiquei matutando que Wall.e seria um bom instrumento para discutir com os mais novos a diferença entre consumir para viver e viver para consumir. Mas, na saída, conversando com alguns amigos, veio uma preocupação: será que os produtores teriam a pachorra de vender quinquilharias sobre os personagens do filme. Da mesma forma que fazem em outros casos, indo na contramão da história contada na tela?
Vale ressaltar que os brinquedos inspirados em filmes têm vida curta – duram o suficiente até o próximo sucesso de bilheteria trazer novos bonecos. Ou seja, dentro de pouco tempo viram lixo de plástico e ferro.
Ontem, passando por um loja, vi meu pesadelo virar realidade quando me deparei com uma prateleira inteira de produtos do filme. A vendedora me mostrou um Wall.e que funciona à corda e canta e dança, um outro Wall.e para bebês (na verdade, para os pais dos bebês…) Explicou que a versão de controle remoto havia acabado, tamanha a procura.
Disso, abstraio que:
a) Há pessoas que viram o filme e não entenderam a mensagem
b) Há pessoas que viram o filme e não se importaram com a mensagem
c) Sabendo, de antemão, que há milhões de pessoas nos grupos "a" e "b", as empresas se aproveitam e lucram em cima. Afinal de contas, já que a contradição é inerente ao capitalismo e à sociedade de consumo, por que ter pudores ao explorar isso?
Dessa forma, o futuro desenhado pelo filme deixa de ser fantasia e vai se tornando uma perigosa profecia autocumprida.
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