De "Bicho" a escravos : os problemas na Assembléia do Rio
A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), em momento iluminado, cassou o mandato do deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), antigo chefe da Polícia Civil do estado. Ele havia sido denunciado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e descaminho. É acusado de fornecer proteção às máfias do jogo do bicho e das máquinas caça-níqueis durante os governos da família Garotinho.
Vários deputados comemoraram a decisão, alguns até brandindo que o legislativo estadual não aceita esse tipo de coisa. Será que não?
Vale lembrar que Jorge Sayed Picciani, presidente da Alerj que conduziu a sessão de cassação, foi flagrado com trabalho escravo em uma de suas fazendas e continuou deputado. Sua propriedade, localizada em São Felix do Araguaia, no Mato Grosso, foi alvo de uma operação do grupo móvel de fiscalização do governo federal em junho de 2003, quando 39 trabalhadores foram libertados. De acordo com auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, que participaram da operação, os peões estavam submetidos à vigilância armada de "gatos" [contratadores de mão-de-obra que trabalham para os fazendeiros] para evitar fugas e não tinham acesso à alimentação decente. Além disso, as pessoas tinham que utilizar a mesma água para lavar a roupa, tomar banho e matar a sede. Entre os trabalhadores, havia um adolescente de 17 anos.
Além de Jorge, a Agropecuária Vale do Suiá (Agrovás) tem também Leonardo Picciani, seu filho e ex-presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados, entre os sócios. A Agrovás chegou a figurar na "lista suja" do trabalho escravo e esteve impedida de receber créditos públicos. Continuam ocupando cargos públicos, felizes da vida.
Álvaro Lins é o terceiro cassado este ano. Mas a Alerj, infelizmente, ainda está longe de promover uma mudança real. Culpa dos políticos, mas culpa também dos eleitores.
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