É a economia, estúpido!
Títulos de matérias em março de 2008:
– Trabalhadores da Brenco são flagrados em alojamentos precários
– Fiscalização na Brenco termina com 17 resgatados e 140 rescisões
(Uma ação de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego na empresa Brenco – Brazil Renewable Energy Company ou Companhia Brasileira de Energia Renovável – foi realizada entre fevereiro e março com um saldo de 17 pessoas retiradas de situação degradante e 140 rescisões de contrato – os trabalhadores atuavam no corte de cana. Os fiscais visitaram as instalações da empresa no Mato Grosso e em Goiás.)
Comandada pelo ex-presidente da Petrobras, Henri Phillipe Reischtul, a Brenco tem, entre os sócios, o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial, Steve Case, ex-America On Line (AOL)-Time Warner, e Vinod Khosla, multimilionário indiano radicado nos Estados Unidos que criou a Sun Microsystems. Gente graúda.
Agora, títulos de matérias em agosto de 2008:
– BNDES libera R$ 1,2 bilhão para a Brenco
– BNDESPar será sócia de usinas da Brenco
(A Brenco obteve do BNDES financiamento de R$ 1,2 bilhão para implantar quatro unidades de processamento de cana no Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Ao todo, as unidades terão capacidade instalada de moagem de 15 milhões de toneladas de cana por safra, produzindo 1,4 bilhão de litros de álcool. E poderão vender ao mercado até 220 MW através de cogeração de energia. O projeto está avaliado em R$ 1,8 bi, ou seja, o BNDES está entrando com 2/3. Contudo, o BNDESPar deverá fica com algo entre 15% e 20% das ações do empreendimento. Segundo o banco, o empreendimento irá gerar 8,4 mil empregos e a colheita será totalmente mecanizada.
Em 2007, o banco liberou R$ 3,6 bilhões para projetos do setor sucroalcooleiro.
Em 2007, o governo federal libertou 3.131 escravos na cana-de-açúcar.
Não entendeu? Nem eu.
Mas o próprio Clinton nos dá a resposta para essa aparente contradição no bordão criado para a sua campanha à presidência em 1992:
"É a economia, estúpido!"
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