Topo

Leonardo Sakamoto

Para uns, "vale-chapinha" é política pública nas eleições

Leonardo Sakamoto

24/10/2008 08h17

Rio de Janeiro – Você tem fome de que? Você tem sede de que?

Muitas mulheres de São Paulo são vítimas de violência doméstica, preconceito no trabalho, enfrentam jornadas triplas (trabalhadora, mãe e esposa), não têm direito à autonomia do seu corpo – que dirá de sua vida, pressionadas não só por pais e companheiros ignorantes mas também por uma sociedade que vive com um pé no futuro e o corpo no passado. A qual todos nós pertencemos e, portanto, somos atores da perpetuação de suas bizarrices. Discutimos muito sobre as mudanças estruturais pelas quais a cidade tem que passar, citando saúde, educação, transporte, segurança, mas esquecemos dos problemas ligados aos grupos que sofrem com o desrespeito aos seus direitos fundamentais. Que não conhecem classe social, cor ou idade.

A mídia também segue como atora de propagação desses preconceitos. Ao invés de colocar em pauta os problemas, brinca com o tema. Vale a pena ver a pérola do Grupo Estado de S. Paulo, em seu portal na internet, através de uma surreal pesquisa de opinião. Espero que seja apenas uma brincadeira infantil, caso contrário é hora do jornal começar a pensar mais "ÃO"…

Quais reivindicações femininas você faria ao Prefeito(a) eleito(a) no domingo?

Se todos os problemas estruturais da Cidade já estivessem resolvidos (Educação, Saúde, Transporte, Segurança …) que reivindicações femininas você faria?

Se eles não tirarem do ar, a enquete pode ser encontrada clicando aqui.

PS: O problema não é só colocar a enquete, é saber que tem gente que se digna a respondê-la.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.