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Leonardo Sakamoto

Trabalho escravo é pauta do Fórum Social Mundial

Leonardo Sakamoto

27/01/2009 19h15

O Fórum Social Mundial nasceu como contraponto direto ao Fórum Econômico Mundial e tudo o que ele representa. "Se opõe a toda visão totalitária e reducionista da economia, do desenvolvimento e da história" – explica sua carta de princípios – "e ao uso da violência como meio de controle social pelo Estado". O Fórum Econômico ocorre todo ano, desde 1971, na cidade de Davos, Suíça. Nele, os líderes das maiores potências refletem sobre as conseqüências da globalização e tentam decidir, dentro de salas de portas trancadas, os rumos da economia mundial. O objetivo do Fórum Social, criado em 2001, é a democratização dessas reflexões e decisões.

Fórum, pois é um espaço livre para a reflexão e exposição de idéias, de entidades e movimentos a indivíduos. Social, porque seu eixo único e central é o homem, livre de qualquer forma de opressão, em sua relação com o meio e com os outros. Mundial, pois reúne em um único espaço experiências vividas da Finlândia à África do Sul, do México ao Japão.

O trabalho escravo será pauta do FSM 2009, repetindo o que ocorreu nas outras edições do encontro. Nesta, porém, o tema ganha uma conotação diferente uma vez que a Amazônia está no centro dos holofotes. A região concentra no Brasil a maior incidência de trabalho escravo e não é por acaso. Como em vários cantos do país e do mundo, esse crime é a consequência mais vergonhosa de um modelo de desenvolvimento perverso. Erradicar o trabalho escravo não é só libertar os modernos escravos.  É colocar em questão este modelo.

Abaixo, posto o programa do principal evento sobre trabalho escravo contemporâneo, no qual terei a honra de falar. Quem estiver por Belém, por favor não deixe de vir.

Dia 29 de janeiro
Oficina: Escravizados no século 21
Organização: Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e Frente Nacional contra o Trabalho Escravo
8h30 às 12h30, Tenda Irmã Dorothy Stang (UFRA)

1) Panorama mundial e nacional
Abertura: Ministro Paulo Vanucchi (SEDH)
Mediação: Luis Machado (OIT)
Trabalho escravo/panorama mundial: Aidan Mc Quade (Dir. Anti Slavery International)
Trabalho escravo no Brasil/na Amazônia: Jacquelinne Carrijó, AFT (Sinait/GM)
Debate

2) O que está em jogo
Mediação: Senador José Nery (PSOL/PA)
Quem são eles? patrões e escravos – Antonieta Vieira (USP)
Desenvolvimento perverso: José Batista Gonçalves Afonso (CPT)
Conexões amazônicas: Leonardo Sakamoto (Repórter Brasil)
Crime múltiplo – Felício Pontes (ANPR/MPF)
Debate

3) Erradicar
Mediação: Xavier Plassat (CPT)
Desafios da repressão: Luis Camargo (ANPT/MPT)
Experiências no Brasil e fora: Antônio Filho (CDVDH Açailândia/BR)  – Emmanuel Otoo (Free the Slaves/W. África) – Lucas Benitez (Coalition of Immokalee Workers, Flórida/EUA)
Debate

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.