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Leonardo Sakamoto

Financiamento e independência, de Belém a Davos

Leonardo Sakamoto

30/01/2009 11h11

Belém – Tenho acompanhado o debate sobre o financiamento do Fórum Social Mundial e as críticas que organização sofreu por ter aceitado recursos de empresas. Os organizadores do evento rebatem dizendo que estão cada vez menos dependentes desse tipo de patrocínio.

Concordo que o ideal seria evitar o financiamento por parte do setor empresarial, uma vez que os impactos sociais e ambientais causados por ações de empresas são alvos preferenciais das críticas dos participantes do FSM. Aliás, esse é o grande desafio de entidades da sociedade civil (e da imprensa): garantir sustentabilidade e preservar a independência ao mesmo tempo. Há uma discussão em curso sobre as alternativas possíveis e seu andamento é fundamental para a natureza do próprio fórum.

Contudo, ainda não vi críticas públicas sobre o financiamento do Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado em Davos, na Suíça. De acordo com o site do evento, os seus recursos provém de taxas cobradas de seus membros (mais de 1000 empresas), apoios de parceiros estratégicos (companhias que desempenham um papel de liderança) e taxas de inscrição cobradas nos eventos.

Considerando que decisões e "consensos" sobre políticas a serem adotadas por governos ao redor do mundo podem ser retirados das reuniões a portas fechadas em Davos, também não seria preocupante uma influência exercida (em causa privada) por essas empresas financiadoras? Vale lembrar que muitas delas estão no centro dos holofotes devido à sua (ir)responsabilidade na atual crise global.

Abaixo, segue a lista dos parceiros estratégicos, de acordo com o Fórum Econômico Global:

ABB
Accel Partners
Accenture
Agility
Alcatel-Lucent
Alcoa
AMD
ArcelorMittal
AT&T
AUDI AG
Bahrain Economic Development Board
Bahrain Mumtalakat Holding Company
Bain & Company
Bank of America – Merrill Lynch
Barclays PLC
Basic Element
Bill & Melinda Gates Foundation
Bombardier
Booz & Company
The Boston Consulting Group
BP
BT
CA Inc.
Chevron Corporation
Cisco
Citi
Clayton, Dubilier & Rice
Clifford Chance
The Coca-Cola Company
Credit Suisse
Deloitte
Deutsche Bank
Deutsche Post World Net
Dogus Group
Dubai Holding
Dubai World
DuPont
EDF (Electricité de France)
Emirates Group
Ernst & Young
FedEx
Fluor Corporation
Forbes
Google
Heidrick & Struggles
HP
HSBC
Hubert Burda Media KG
IHS Inc.
Infosys Technologies
Intel Corporation
Investor
JPMorgan Chase & Co.
KPMG
Kudelski Group
Lenovo
Manpower
Marsh & McLennan Companies (MMC)
McKinsey & Company
Merck & Co.
METRO Group
Microsoft Corporation
Morgan Stanley
Motorola
NASDAQ OMX Group
National Bank of Kuwait
Nestlé
News Corporation
Nike
Nomura Holdings
NYSE Euronext
The Olayan Group
Omnicom Group
PepsiCo
PricewaterhouseCoopers
Reliance Industries
Renault-Nissan
Roland Berger Strategy Consultants
Satyam Computer Services
Saudi Basic Industries Corporation (SABIC)
Sberbank
Siemens
SK Group
Standard Chartered Bank
Swiss International Air Lines
Swiss Re
Thomson Reuters
TPG Capital
Troika Dialog Group
UBS
Unilever
VimpelCom
Volkswagen AG
VTB Bank
WPP
Xenel Group
Zurich Financial Services

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.