O calor em São Paulo e o limite do suportável
A massa de calor que cobriu boa parte do país tornou o dia-a-dia na poluída e cinza São Paulo um test drive do inferno. Se é quente para mim que moro em casa de alvenaria, imagine para quem vive sob teto de zinco ou estuda em escolas de madeira. O problema de torcer por uma chuva que exorcise o capeta e limpe o ar é que ela sempre encontra uma cidade impermeabilizada por asfalto e concreto, com infra-estrutura insuficiente de escoamento de águas pluviais, além de moradias precárias em situação de risco (enquanto há prédios e mais prédios fechados para especulação imobiliária, sem função social… mas isso é outra história). É claro que na lista de prioridades da metrópole – pelo menos na dos que a governam ou sobre ela noticiam – o engarrafamento causado por uma enchente é sempre mais relevante que o desabamento de cortiços ou a inundação de uma favela.
Imaginem então isto aqui em 100 anos, com três, quatro graus a mais de temperatura média anual, resultado do aquecimento global causado pela nossa própria ignorância e voracidade por recursos naturais. Além disso, quando boa parte da Amazônia virar um grande pasto, entrecortado por plantações de grãos e de dendê, a ausência da floresta lá vai piorar no clima desta cidade, uma vez que a região amazônica manda umidade para São Paulo. Sem isso, aqui seria tão seco quanto outros locais do planeta na mesmo latitude. Talvez não tenhamos mais as enchentes de hoje. Mas até lá já teremos passado o limite que torna a vida na cidade suportável.
Se bem que para milhões de paulistanos, excluídos por questões ambientais, sociais, econômicas, esse limite já foi ultrapassado. Ou talvez nunca tenha existido.
PS: O cartunista Laerte publicou esta charge tempos atrás. Ela fica presa à porta da minha geladeira. Achei apropriada para a ocasião.
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