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Leonardo Sakamoto

A crônica (de vanguarda) de uma catástrofe ambiental

Leonardo Sakamoto

24/03/2009 00h22

Como fazer jornalismo para a internet, fugindo dos padrões e amarras do jornalismo impresso e utilizando todos os recursos que a rede disponibiliza? André Deak e Paulo Fehlauer deram um exemplo do que deveria ser esse jornalismo digital na reportagem "Crônica de uma catástrofe ambiental – A história do derramamento de agrotóxico no rio Paraíba do Sul que matou toneladas de peixes e pode ter contaminado milhões de pessoas", publicado no site da Revista Fórum.

Além disso, a matéria é a primeira experiência brasileira de jornalismo de código aberto – no qual se abre ao internauta os conteúdos e processos resultantes da apuração que guiaram a edição. Na explicação deles próprios:

Praticamente todo o material da apuração realizada que culminou neste trabalho jornalístico está disponível neste site. Áudios, fotografias em alta definição, vídeos e a transcrição das entrevistas podem ser acessados aqui.

Com isso, esperamos tornar mais transparente o trabalho de reportagem. Qualquer um que esteja interessado, pode realizar outras edições a partir do material disponível. Oferecer a íntegra de todas as entrevistas realizadas (quase 20) também permite que o leitor possa se aprofundar em algum tema específico.

A internet permite que o conteúdo de uma reportagem seja praticamente enciclopédico. Não há limite de espaço para publicação. Permitir que o usuário interessado tenha acesso a todos os aspectos observados pelo repórter – no formato em que aquela realidade tiver sido capturada, seja imagem, texto, seja áudio – é um benefício que a rede traz ao trabalho jornalístico.

Há também um mapa de apuração, mostrando o que foi feito em quais dias da reportagem. Vale a pena a leitura do making of no blog do André Deak. Nele, ele explica esse formato:

Não falo de uma apresentação onde a soma das linguagens ocorra, porque isso é normal (há vários sites e portais que apresentam o modelo "veja o vídeo, oução o áudio, leia o texto").  Mas de uma apresentação da soma dessas linguagens de uma maneira mais trabalhada, cuidadosa. Não um empilhamento de formatos, mas uma oferta de maneira mais organizada. Esperamos que esse trabalho cumpra esse papel. Mas esperamos mostrar também que, ainda que com poucos recursos e pouco tempo, uma reportagem multimídia é perfeitamente possível.

Boa leitura. Quer dizer, boa navegação.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.