MST, Camargo Corrêa e um brinde à "democracia"
Entidades ligadas aos sem-terra têm sido acusadas de utilizarem ilegalmente recursos oriundos de convênios públicos na promoção de ações políticas de movimentos que lutam pela (imprescindível e inadiável) reforma agrária. O tema tem sido pauta da mídia nos últimos tempos, aquecida por indignadas reações de comentaristas e âncoras, exigindo a devolução do dinheiro e a condenação dos acusados.
É claro que todo o dinheiro público utilizado para outra finalidade não prevista tem que ser devolvido e os culpados responsabilizados. Contudo, não vemos a mesma indignação contra empresas que superfaturam contratos públicos e, através de seus lobistas, pagam partidos e políticos – garantindo proteção a maracutaias descaradas. Ou mais discretas, como forças que agem pela manutenção de uma política de empréstimos-de-mãe com dinheiro público, a não-aprovação de medidas que ajudariam no combate à escravidão, a mudança na legislação para possibilitar a transformação da Amazônia em pasto, a contratação de empresas com licitação de brincadeirinha…
O nome Camargo Corrêa é a (breve) bola da vez, mas a lista é grande. E somados os bilhões roubados através de esquemas de grandes empresas que mamam no governo, o suposto desvio feito por entidades ligadas aos sem-terra parecem furto de xampu em supermercado. Dois pesos, duas medidas? Imagine! Em uma democracia como a nossa, com uma imprensa tão independente, isso não acontece.
Ah, mas eu ia me esquecendo: quem furta xampu no Brasil fica preso. Quem rouba o dinheiro do Estado, sonegando milhões em impostos, vai condenado a 94 anos, mas não fica na cadeia tempo suficiente para a champanhe esquentar.
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