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Leonardo Sakamoto

Grupo flagrado com escravos perde apoio da Petrobras

Leonardo Sakamoto

06/04/2009 18h03

Em abril de 2007, o grupo móvel de fiscalização do governo federal libertou 77 trabalhadores da Usina Itarumã, no município de mesmo nome em Goiás. A usina, que conta com incentivos fiscais do governo estadual, ainda está em fase de instalação e deve operar a todo vapor na produção de etanol a partir do início de 2010.

A Energética do Cerrado Açúcar e ÁlcooL controladora da usina, entrou na "lista suja" do trabalho escravo em dezembro do ano passado devido à libertação.

A Petrobras e a japonesa Mitsui haviam se associado à Itarumã Participações (Itarupar), que têm como sócios majoritários produtores canavieiros de Ribeirão Preto (SP), para viabilizar negócios no setor sucroalcooleiro. A entrada na "lista suja" da Energética do Cerrado, sob comando da Itarupar e responsável pela Usina Itarumã, acendeu a luz amarela e o assunto chegou à cúpula da Petrobras e do governo federal. Houve consultas ao Ministério do Trabalho e Emprego sobre a situação encontrada na usina.

A Petrobras decidiu deixar a sociedade com a empresa.

Quem entra nessa relação, não pode obter créditos nos bancos públicos federais e sofre restrições de empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.