Já pensou em beber uma água coalhada de larvas?
Oito trabalhadores juntaram o pouco que tinham para pagar a passagem de ônibus de um deles para que fizesse uma denúncia. O esforço resultou na libertação de quatro pessoas de condições de trabalho escravo em Xapuri, no Acre. A história, bizarra, foi apurada aqui na Repórter Brasil pela Bianca Pyl, da qual trago alguns trechos:
A fiscalização contou com a participação do Ministério Público do Trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Acre e da Polícia Federal. As vítimas estavam há um mês na Fazenda Jaborandi e trabalhavam na aplicação de agrotóxicos para eliminar ervas daninhas do pasto. A propriedade fica a 30 km de Xapuri (AC) e pertence à João Miranda Vilela e era administrada por seu filho, Alexandre.
Os empregados eram obrigados a utilizar arbustos como "banheiro". A água consumida vinha de um igarapé e também era utilizada pelo gado. Em depoimento, um empregado relatou que coava a água com uma camiseta para beber porque havia larvas e até fezes de animais. Para a procuradora do trabalho Marielle Guerra, que fez parte da fiscalização, ficou claro o cerceamento de liberdade, já que as vítimas não tinham condições de ir embora porque não tinham sequer dinheiro para o transporte.
Um dos gatos comprava a comida do próprio patrão e "distribuía" para os trabalhadores. O valor da alimentação seria descontado do pagamento no final da empreitada. "Pelo que apuramos, em um mês, os trabalhadores já deviam R$ 600 para o gato", relata Marielle. A carne era armazenada em um balde, sem condições adequadas de higiene.
O MPT não conseguiu firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Todavia, os trabalhadores receberam as verbas da rescisão do contrato de trabalho.
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