São Paulo, Cuiabá, Brasília e um calor do cão
Por conta de questões urgentes do trabalho, tomei café da manhã em São Paulo, almocei em Cuiabá e jantei em Brasília. De forma involuntária, essa patada ecológica movida a querosene de aviação é mais uma das minhas humildes contribuições ao aquecimento global. Portanto, é mais do que oportuno dizer que nas três cidades o calor tem reinado. Mesmo para os cuiabanos com quem falei, acostumados ao calorzinho abafado, a situação não era normal.
O fato é que, cotidianamente, vivemos em nossas cidades poluídas um test drive do inferno. Se é quente para mim que moro em casa de alvenaria, imagine para quem vive sob teto de zinco ou estuda em escolas de madeira. O problema de torcer por uma chuva que exorcise o capeta e limpe o ar é que ela sempre encontra cidades impermeabilizadas por asfalto e concreto, com infra-estrutura insuficiente de escoamento de águas pluviais, além de moradias precárias em situação de risco (enquanto há prédios e mais prédios fechados para especulação imobiliária, sem função social…). É claro que na lista de prioridades da metrópole – pelo menos na dos que a governam ou sobre ela noticiam – o engarrafamento causado por uma enchente é sempre mais relevante que o desabamento de cortiços ou a inundação de uma favela.
Imaginem então isto aqui em 100 anos, com três, quatro graus a mais de temperatura média anual, resultado do aquecimento global causado pela nossa própria ignorância e voracidade por recursos naturais. Além disso, quando boa parte da Amazônia virar um grande pasto, entrecortado por plantações de grãos e de dendê, e o Cerrado se tornar um imenso canavial, o calor de hoje vai ser brisa amena de primavera. Talvez não tenhamos mais as enchentes de hoje. Mas até lá já teremos passado o limite que torna a vida nas grandes cidades suportável.
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