Quando um barco naufraga no Atlântico e outro no Amazonas
Um veleiro-escola canadense naufraga na costa do Rio de Janeiro. Os 64 a bordo sobrevivem. Na Amazônia, vira e mexe um barco vai a pique e leva, com ele, um grupo de almas para o fundo dos rios. A exemplo do que aconteceu em Monte Alegre, no Pará, no final do ano, com mais de dez mortos.
É claro que cada acidente é um acidente. E cada qual envolvendo suas condições climáticas, peculiaridades e diferentes classes sociais. Além de sua história própria de milagre – aquela série de coincidências em prol do resultado positivo, que não carregam explicação ou que, simplesmente, ainda não conseguimos explicá-las. Mas a maior parte das mortes em rios brasileiros poderiam ser evitadas se os responsáveis pelas embarcações respeitassem aquele patamar mínimo de segurança, com limite de lotação e presença de equipamentos de segurança. Coisas que não custam caro, mas que diminuiriam a margem de lucros. Cansei de pegar motor ou gaiola em nossos gloriosos rios sem a mínima condição de transportar gente. Quando perguntado sobre os problemas, os proprietários riem na nossa cara ou mandam pegar outro barco. Muitos dizem que tudo está garantido porque são amigos de fulano, primos de ciclano… O de sempre.
Situação igual a de um trabalhador rural que não recebe o equipamento de proteção individual (o que evitaria a perda de uma perna, um braço ou um olho), porque isso significaria gasto (onde já se viu, pobre reclamando de proteção!) e causaria uma ridícula diminuição no poder de competição comercial do proprietário da fazenda.
Não deveria ser assim, mas a verdade é que a vida de um bóia-fria ou de um ribeirinho amazônida vale pouco. Muito pouco.
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