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Leonardo Sakamoto

PF cancela participação em três libertações de escravos

Leonardo Sakamoto

07/04/2010 07h48

A Polícia Federal desistiu de participar de três operações do governo federal agendadas para verificar denúncias de trabalho escravo no interior do país. A justificativa: falta de efetivo policial na data.

Os grupos móveis de fiscalização, cuja função é averiguar denúncias e libertar trabalhadores, têm como seus principais componentes o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho, além da Polícia Federal – responsável por garantir segurança ao grupo, mas também investigar o crime e instaurar inquéritos.

A Comissão Pastoral da Terra, na última reunião da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, em Brasília, já havia questionado a "dificuldade recorrente de participação da PF nas ações". A garantia de efetivo mínimo nas operações está previsto no II Plano Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, que prevê que, para a execução das atividades da Polícia Federal no combate ao trabalho escravo, deve-se "disponibilizar permanentemente, em cada equipe de fiscalização, um delegado e os agentes necessários".

Desde 1995, ano de criação das equipes de fiscalização, mais de 36 mil pessoas foram libertadas.

Entendo que problemas acontecem. Porém, é preocupante quando uma situação como o trabalho escravo se depara com a falta de pessoal para combatê-lo ou deixa de ser prioridade.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.