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Leonardo Sakamoto

Proposta prevê reserva de vagas para deputados negros

Leonardo Sakamoto

20/01/2012 16h01

A Câmara dos Deputados analisa uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 116/11), do deputado Luiz Alberto (PT-BA), que prevê a reserva de vagas na Câmara, Assembléias Legislativas e na Câmara Legislativa do Distrito Federal para parlamentares negros por cinco legislaturas, prorrogável por mais cinco. A PEC precisa ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se admitida, passaria por uma comissão especial e, por fim, iria a plenário.

De acordo com matéria divulgada pela Agência Câmara, o número de vagas seria definido com base no percentual de pessoas que tenham se declarado negras ou pardas no censo do IBGE e não poderia ser menor que 20% do total do Parlamento ou maior que a metade das vagas. "Hoje, temos cerca de 30 deputados negros na Casa. Com essa proposta, iriam para 150. Evidentemente que os partidos teriam interesse em disputar essas vagas. Não tenho nenhuma ilusão de que é fácil aprovar essa proposta, mas queremos fazer o debate público, com os movimentos sociais, com a sociedade, para que isso repercuta no Parlamento e possamos aprovar essa PEC", afirmou o deputado à Agência.

A PEC 116/2011 foi apresentada no dia 30 de novembro e recebida pela CCJC no dia 19 de dezembro, aguardando análise. Você pode acompanhar o trâmite, clicando aqui.

Concordo com o deputado e vou além: seria praticamente impossível aprovar essa emenda hoje. Qualquer parlamento tem dificuldade em debater questões que colocam em risco a reeleição dos que hoje estão no poder. E isso sem discutir o mérito do projeto do deputado Luiz Alberto, que pauta um assunto importantíssimo (que é a subrepresentacão de negros e pardos na política), mas que precisa ser largamente discutido pela sociedade.

Em 2010, o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) fez um breve vídeo sobre o assunto:

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.