Sustentabilidade chique. Afinal, o papel aceita qualquer coisa
Sabe o que dá uma paúra do capeta? Receber relatórios de sustentabilidade mais chiques que convite de casamento de socialite enviados por empresas privadas e órgãos governamentais que querem melhorar a sua imagem institucional.
Não importa que eles foram produzidos com papel feito a partir de garrafas pet recolhidas por monges tibetanos exilados e manufaturados por anjos barrocos usando ferramentas de papel maché criadas a partir de hinários de Páscoa reutilizados. E que a tinta da impressão venha da coleta do primeiro orvalho do solstício de inverno por jovens druidas, misturada com ervas de comunidades indígenas do Alto Tietê respeitando o seu conhecimento tradicional. Não há nada mais brega que um relatório de sustentabilidade que tenha custado o olho da cara. Estou, neste momento, com dois em mãos que – certamente – estão avaliados em cinco ou mais morsas de pelúcia.
Há colegas jornalistas que não se importam com essa ode à contradição e, emocionados com as fotos da meia dúzia de botos-com-moicano-amarelo salvos com o tratamento de 0,000001% de efluentes da empresa (nem me perguntem o que acontece com o restante), derramam lágrimas sobre a impressão caríssima – que não borra jamais! Com todo o respeito aos profissionais que se dedicaram a isso, a outra parte dos jornalistas que recebe esses compêndios (na qual tento me incluir) não se sensibiliza nem um pouquinho e acha um disparate.
Inclusive porque, ao folhear esses elefantes brancos, percebe-se que o papel e a impressão são realmente o que eles têm de melhor para mostrar.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.