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Leonardo Sakamoto

Queridos leitores, tenho uma revelação a fazer

Leonardo Sakamoto

24/08/2012 11h54

Meus queridos leitores e leitoras,

Não suporto mais. Não aguento mais.

Não tenho a envergadura moral de sacerdotes que mantém a confissão guardada até o túmulo.

Estou com algo entalado na garganta há tempos que preciso revelar. Seria, aliás, uma irresponsabilidade tamanha de minha parte – eu, que acredito na efetividade dos direitos humanos – se não falasse nada. No futuro, poderia, quiçá, ser acusado de omissão. Ou de conivência. Como seria avaliado pelas futuras gerações?

O que vou dizer pode ser chocante para alguns de vocês, batendo de frente com o que aprenderam durante toda a sua vida. Eu sei. Para mim também foi. Não quero com isso desmerecer ninguém ou desmoralizar nada. Mas acho que, sim, isso precisava ser dito. Pois lendo os comentários que, diariamente, muitos deixam neste humilde blog, com tanta dor, tanto ódio, tanto preconceito, tanta ira e, portanto, tanto medo, creio que já passou da hora de saberem disso.

Não, não, não, também não quero tumultar. Nem ganhar votos nessas eleições.

Muitos, com isso, vão se sentir angustiados. Outros cairão em desespero por se sentirem finalmente responsáveis por tanta coisa que imputaram à influência de invisíveis. Mas tenho uma esperança: que isso ajude a dar asas e tirar a culpa do coração de outros tantos. Talvez assim possam – finalmente – ir em busca de sua felicidade sem atropelar a dos outros.

Enfim, quem não quiser ler este spoiler da vida, pare aqui e feche este post.

Desculpem-me. Perdoem-me. Mas lá vai:

O inferno não existe. O capeta também não.

#prontofalei

Agora vivam com as consequências disso. E, por favor, controlem-se nos comentários.

Forte abraço,

Sakamoto

PS: Conhecendo a internet, um aviso se faz necessário: texto com ironias.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.