Meu primeiro (e provavelmente único) livro de contos será lançado, nesta terça, em SP
Lanço, nesta terça (23), "Pequenos Contos para Começar do Dia", pela editora Expressão Popular, meu primeiro – e provavelmente único – livro de contos.
A idéia inicial era a de alegrar pessoas queridas, garantindo que a caixa postal do e-mail delas tivesse uma história ao nascer do dia. Apenas por diversão, fui publicando os contos no Facebook, ganhando – a partir dali – uma repercussão que não imaginei. Não tenho pretensões literárias para além do humilde registro do real com cara de ficção que abraço cotidianamente na profissão. Mas praticamente todas as histórias foram inspiradas em fatos que eu, como jornalista, tive contato ou oportunidade de acompanhar. Creio, portanto, que seria delinquência de minha parte se não as reunisse em uma pequena crônica de nosso tempo.
Tempo que está cada vez mais curto.
A pintura com a qual foi feita a capa do livro e as ilustrações que nele estão são do artista plástico Bartolomeo Gelpi. E a apresentação do escritor Julián Fuks. Ou seja, se acharem o texto ruim, pelo menos a publicação já valeu pelos dois.
Posto, abaixo, três contos do livro:
Na primeira noite, ela trouxe uma vela. Disse que ficaria a duração da chama. Uma hora depois, quando a luz se apagou, levantou-se, arrumou o vestidinho rendado e, com as sandálias na mão, se foi pela estradinha de terra. Apaixonado, comprou velas de sete dias, velas de metro e outros castiçais votivos. Mas todas duraram uma hora… Por fim, deu as mãos para o tempo, fazendo valer cada minuto juntos como se fosse o último. Desde então, dizem que a casinha de Chico tem uma luz que não se apaga.
***
Primeiro, foram os nomes dos netos. Depois, a literatura que amava. E ela foi se despindo na frente de todos. Foi estranho, mas o Alzheimer lhe concedeu o direito a uma só lembrança. O que é forte o suficiente para vencer o vazio? Para ela, o primeiro encontro com o homem de sua vida. Passava as tardes na janela, esperando. "Ele vem", dizia a todos… Então o marido, companheiro de décadas, passou a lhe trazer margaridas para cortejá-la. Até que, numa noite, ela disse, colocando as mãos em seus ombros: "Não precisa mais. Já me conquistou". E dormiu um sono longo. Vovô ainda leva flores, todos os dias.
***
Vó curava os dias tristes com bolinhos de chuva e esticava as manhãs leves com broas de milho. Cair da bicicleta dava em galinhada; perder um dente, em sorvete de nata. E para dor de saudade, vó? Ela sabia que, para isso, não havia receita, pois durante anos tentara cozinhar a perda do vô. E jogou o soluçar do neto no ombro, tirando o amargo de sua boca e enganando o vazio.
Lançamento
"Pequenos Contos para Começar o Dia", 124 páginas
Dia 23 de outubro, terça-feira, a partir das 19h30
Bar Squat, Alameda Itu, 1548, Jardim Paulista, São Paulo (SP), Entrada gratuita
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.