Governo Temer é transparente. Nele, a República é "vendida" a céu aberto
De uma coisa Michel Temer não poderá nunca ser acusado: de não ser transparente. Pelo contrário, em seu governo, muita coisa acontece a céu aberto.
Deputados federais são "convencidos" financeiramente para impedirem a abertura de ação penal contra Temer na Suprema Corte. O Senado assume ser apenas um "puxadinho" da Presidência da República, aprovando sem modificações o projeto da Reforma Trabalhista, terceirizando para Temer os ajustes que gostariam de fazer e alegrando os grandes empresários. O Congresso Nacional prepara um perdão de até 99% dos juros e dívidas de sonegadores, afirmando que o governo havia fechado isso como contrapartida à aprovação das reformas.
Isso sem contar que, segundo a Folha de S.Paulo, o Palácio do Planalto liberou R$ 1 bilhão para projetos de emendas de parlamentares aliados nos últimos dois meses. Nesse período, o governo tentava convencer deputados e senadores a permanecerem a seu lado em meio ao escândalo iniciado com as gravações revelando a promiscuidade entre Temer e o dono do JBS e durante o trâmite das Reformas Trabalhista e da Previdência.
A solicitação e liberação de emendas para atender demandas justas da população faz parte da democracia. O problema é quando o processo de sua liberação inclui tomaladacás – o que é o caso.
A tática não é nova, pelo contrário, foi sistematicamente utilizada por todos os governos até aqui. O interessante desta vez é que ela tem o objetivo claro de compensar o prejuízo eleitoral que deputados e senadores terão por estar ao lado de Michel Temer.
Ou seja, torcer para que o povo fique tão feliz com um esperado asfaltamento de rodovia vicinal que esqueça que perdeu direitos trabalhistas e que poderá ter que trabalhar mais para se aposentar. E, como não esquecer, que seu deputado ou senador apoiou um governo que chegou a 7% de popularidade por transformar o Estado brasileiro em sucursal da Casa da Mãe Joana a fim de salvar a si mesmo da guilhotina da Lava Jato.
O mais absurdo é que o próprio Temer aprovou no Congresso Nacional a PEC do Teto dos Gastos para congelar, pelos próximos 20 anos, investimentos públicos em áreas como educação e saúde. A justificativa para reduzir a qualidade dos serviços públicos à disposição da população mais pobre foi de garantir que o Estado brasileiro continuasse funcionando. E ele continua funcionando perfeitamente. Do jeito que foi programado para ser, como uma grande feirão – compra, venda, troca, financiamento.
E como bons republicanos que são, Temer e aliados garantem que tudo seja feito aos olhos do povo. Feito uma sala de suplícios com paredes de vidro em que os torturados somos nós.
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