Flávio Bolsonaro propôs homenagem a PM preso acusado de comandar milícia
O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro propôs uma menção de louvor e congratulações ao então capitão da Policial Militar Ronald Paulo Alves Pereira "pelos importantes serviços prestados ao Estado do Rio de Janeiro" em 2004.
Hoje major, Ronald Paulo Alves Pereira foi preso, na manhã desta terça (22), na operação "Os Intocáveis", acusado de ser um do líderes de uma milícia na capital carioca.
Organizada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro com o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, a ação mobilizou dezenas de policiais e prendeu, além do major, o subtenente reformado Maurício Silva da Costa, entre outros acusados de envolvimento com milícias.
O ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, também alvo da operação e outro homenageado por Flávio Bolsonaro, em 2003, está foragido.
Ronald é investigado por integrar, junto com Adriano, a cúpula do Escritório do Crime e foi denunciado por agiotagem e grilagem de terras na Zona Oeste do Rio. Também é réu pelo homicídio de jovens na boate Via Show, em dezembro de 2003.
Na justificativa da moção 3180/2004, de março de 2004, Flávio Bolsonaro cita uma operação policial realizada no Conjunto Esperança, no Complexo da Maré, naquele ano, que resultou na morte de um líder do tráfico e na apreensão de armamento e munição.
Em nota, o deputado afirmou: "sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos".
"As prisões de hoje foram efetivadas pelo Ministério Público, não pela Delegacia de Homicídios. As prisões ocorreram por formação de milícia e por grilagem de terras. Podem ter relação com o assassinato de Marielle Franco ou não, isso depende da continuidade das investigações", afirmou ao blog o deputado estadual e deputado federal eleito Marcelo Freixo (PSOL-RJ) sobre a relação das prisões com a execução da vereadora e liderança social morta em março do ano passado.
"São pessoas conhecidas por quem trabalha com segurança pública no Rio de Janeiro. Conhecidas por serem enfrentadas por alguns e homenageados por outros", diz Freixo.
Flávio Bolsonaro está no centro de uma polêmica envolvendo seu ex-assessor e motorista, o também policial militar Fabrício Queiroz. Em 6 de dezembro, Fábio Serapião, do jornal O Estado de S. Paulo, revelou "movimentações atípicas" de R$ 1,2 milhão detectadas através do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) nas contas de Queiroz, incluindo um depósito de R$ 24 mil para a hoje primeira-dama Michele Bolsonaro. O ex-assessor faltou às convocações do MP-RJ para prestar esclarecimentos, alegando problemas de saúde. Foi operado no hospital Albert Einstein, no início deste ano, um dos mais caros do país, para a retirada de um tumor no intestino. Repetiu que dará esclarecimentos, quando a saúde permitir.
Flávio também não atendeu ao convite dos promotores para falar sobre o caso. Solicitou ao Supremo Tribunal Federal a suspensão da investigação criminal envolvendo Queiroz e a anulação das provas. O senador eleito argumentou que passou a ter foro privilegiado com a diplomação (mesmo que ele só valha apenas para assuntos ocorrido durante o mandato) e quer que o STF aponte a quem deve "prestar os devidos esclarecimentos". O ministro Luiz Fux atendeu ao seu pedido, que será analisado após o fim do recesso do Judiciário, no dia 1o de fevereiro – mesmo data em que toma posse como senador. Com a polêmica instalada, vieram a público depósitos fracionados em sua conta que Flávio atribui à compra e venda de imóveis e mais movimentações de Queiroz, agora totalizando R$ 7 milhões.
Jair Bolsonaro afirma que o valor depositado na conta de sua esposa é a devolução de parte de um empréstimo que fez a Queiroz, que totaliza R$ 40 mil. A oposição ao governo acusa Fabrício Queiroz de ser um laranja usado pela família Bolsonaro para repassar parte dos salários recebidos por funcionários de seus mandatos. Há coincidências entre datas de pagamentos pela Assembleia Legislativa do Rio, depósitos na conta de Queiroz feitos por outros funcionários do gabinete de Flávio e saques em dinheiro pelo ex-assessor. Desde o início da polêmica, Queiroz e Flávio preferiram dar entrevistas a TVs ao invés de falar com o MP. O primeiro diz que "faz dinheiro" com a compra e venda de veículos, o segundo se justifica por sua atividade como empresário.
O caso respingou no governo Bolsonaro e segue nas manchetes dos noticiários à espera de uma "explicação plausível" por parte de Queiroz e de Flávio, que tem alegado perseguição por parte do MP e da imprensa.
Post atualizado às 13h30, do dia 22/01/2018, para inclusão de posição de Flávio Bolsonaro.
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