Reprovação ao governo supera aprovação às vésperas dos atos pró-Bolsonaro
A reprovação ao governo Bolsonaro ultrapassou nominalmente a aprovação na última pesquisa XP/Ipespe, realizada nos dias 20 e 21 de maio. A somatória de "ruim e péssimo" atingiu 36% e o "ótimo e bom" chegou a 34%. Como a margem de erro é de 3,2 pontos, pode-se dizer que há um empate técnico, mas com a manutenção de um viés negativo para o presidente. Desde o início do ano, a reprovação passou de 20% para 36% e a aprovação de 40% para 36%.
Enquanto isso, o Ministério da Economia divulgou, nesta sexta (24), os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrando que o saldo líquido de vagas formais foi de 129.601 no mês passado – o melhor para um abril desde 2013 e acima das expectativas do mercado. Nas redes sociais, o governo comemora, dizendo que isso é a prova que está no caminho certo.
A responsabilidade por esses números, contudo, não é de Bolsonaro, da mesma forma que não foi o crescimento registrado em fevereiro no Caged e o tombo em março. Ou o aumento no número de desocupados de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua, do IBGE, que apontou que a população sem trabalho formal ou informal e que estava procurando serviço atingiu 13,4 milhões. Mesmo que o atual governo estivesse implementando políticas de geração de postos de trabalho (na verdade, não conta com nada que se assemelhe a programa estruturado nesse sentido), elas não levariam a uma tendência sólida de retomada no curto prazo.
Bolsonaro também não é o culpado pela situação econômica, que herdou das administrações passadas. Mas a pesquisa XP mostra que a população começa a perder a paciência com um governo mais famoso por divulgar golden shower e dizer que nazismo é de esquerda do que por articular uma política para geração de postos de trabalho. Ou seja, por não governar.
Em janeiro, 3% consideravam Bolsonaro responsável pela situação da economia frente a 10% agora. Enquanto isso, os que achavam que a culpa era do governo Lula passaram de 34% para 31%. A expectativa para o mandato do presidente passou de 63% para 46% de ótimo e bom, entre janeiro e agora, e de 15% para 31% de péssimo e ruim, no mesmo período.
Considerando que o governo está jogando praticamente todas as suas fichas nos já não tão certos efeitos positivos para a geração de empregos trazidos pela Reforma da Previdência, faz sentido que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha dito à revista Veja que pede demissão e vai morar fora do país se o seu projeto for desidratado. Afinal, até agora, não há nada para mostrar como plano B nessa área.
O presidente prometeu, recentemente, tirar um mirabolante plano da cartola, algo genial que vai produzir mais de R$ 1 trilhão, talvez apostando em privatizações que não dependem apenas dele ou em xerocar dinheiro. Ao mesmo tempo, incentiva seus seguidores a irem às ruas para pressionar as instituições que controlam seus desatinos através de freios e contrapesos democráticos. Em meio a tudo isso, Bolsonaro entregou apenas guerra enquanto o país precisava de tranquilidade e segurança para trabalhar pelo crescimento da economia e do emprego.
Soa como enredo de filme de comédia de baixo orçamento.
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