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Leonardo Sakamoto

Exigimos que Moro responda se PF está investigando Glenn, diz líder do PT

Leonardo Sakamoto

02/07/2019 18h47

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Brasília – "Isso é gravíssimo, pois abre um precedente para qualquer jornalista, a depender da matéria que publica, ser investigado pela Polícia Federal por conta do seu trabalho", afirmou ao blog o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta.

Parlamentares da oposição questionaram o ministro Sérgio Moro, repetidas vezes, se procede a informação que a Polícia Federal abriu investigação sobre as finanças do jornalista Glenn Greenwald, diretor do site The Intercept Brasil – como foi publicado pelo site O Antagonista nesta terça (2). Segundo a notícia, a PF teria solicitado um relatório sobre ele ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Moro não quis responder, afirmando apenas que não participa das investigações e que o questionamento deve ser feito ao órgão correto. Moro é ministro da Justiça e da Segurança Pública e manda na Polícia Federal. O Coaf, que Bolsonaro transferiu para a sua responsabilidade no início do ano, foi devolvida pelo Congresso Nacional à área econômica do governo em maio.

"Ele é o chefe da Polícia Federal. Essa pergunta foi feita praticamente por todos os deputados do PT, mas ele não responde. Nós exigimos que ele responda se há uma investigação aberta contra o jornalista por um órgão que obedece a ele", afirma Pimenta. "Porque no dia em que ele vem aqui para tratar da denúncia do Intercept, fica-se sabendo que há uma investigação contra o autor das denúncias."

O delegado-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi superintendente da instituição no Paraná e participou da operação Lava Jato.

O líder o PT diz que, confirmada a informação, isso representaria um ataque direto à democracia, pois um ministro estaria usando a estrutura do Estado contra a liberdade de imprensa em nome de seus interesses pessoais.

"Onde está o Queiroz?"

Paulo Pimenta protagonizou um dos momentos mais polêmicos da audiência, que está sendo realizada na Comissão de Constituição e Justiça.

Interpelado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) durante seu questionamento ao ministro da Justiça, ele afirmou: "Não respondo para miliciano, não respondo para criminoso, não falo com bandido. Primeiro vai nos dizer onde está o Queiroz que pegava dinheiro de miliciano e colocava na conta da mulher do presidente da República. Bandido e criminosos são altamente perigosos e devem ficar de boquinha calada porque o doutor Sérgio Moro tem condições de se defender sozinho".

Pimenta completou essa declaração ao blog: "é um absurdo Moro dizer que isso não diz respeito a ele, mas ao Ministério Público do Rio de Janeiro [onde a investigação sobre o caso corre], porque estamos falando da família do presidente da Republica".

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.