Um Bolsonaro na ONU avisa: Brasil, ame-o ou deixe-o
Criticou o presidente na ONU? Só pode ser de esquerda.
De esquerda? É comunista.
Comunista? É do PT.
Do PT? É bandido.
Bandido? Bora linchar!
Foi linchado? Era vagabundo.
Vagabundo? Ora, sem-teto!
Sem-teto? Igual sem-terra.
Sem-terra? É preguiçoso.
Preguiçoso? Um maconheiro.
Usa maconha? Fuma crack.
Fuma crack? Merece morrer.
Quem merece morrer? "Mendigos"
E os "mendigos"? Não trabalham.
Não trabalha? Coisa de índio.
Se é índio? Fique na floresta.
E a floresta? Bora desmatar.
Desmatamento? Sinal de progresso.
E o progresso?
Progresso é um corpo inerte de uma menina negra, de oito anos, atingida pelas costas, por uma bala de fuzil, por conta de uma política de segurança criada para garantir a tranquilidade dos "homens de bem".
"Homem de bem"? Tem "mulher honesta"
"Mulher honesta"? Não anda sozinha.
Sozinha na balada? Pode passar a mão.
Ficou brava? Feminazi.
Feministas? São contra a família.
Fim da família? É a "ideologia de gênero"!
"Ideologia de gênero"? Ensinar a ser gay.
Gays? Abominações para Deus.
Não crê em "nosso" Deus? É do mal.
E o mal – conforme disse o líder da igreja na TV – precisa ser limpo, varrido e banido para o bem da sociedade.
O que é sociedade? Somos nós.
Se está contra nós? Não é patriota.
Não é patriota? É um inimigo do país.
Não ama o país? Então, deixe-o.
Esta quadrilha é uma atualização de um post anterior. Achei que era apropriado, uma vez que a reação dos fãs do presidente às críticas a seu discurso na ONU, não raro, são baseadas em um binarismo atroz. A ponto de passar pano para o discurso paranoico e ideologizado de Bolsonaro usando as famosas declarações da então presidente Dilma Rousseff sobre estocar vento ou saudar a mandioca. Como se uma coisa estranha justificasse outra coisa estranha.
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